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davi gilmar

O senador que tirou poderes de 81 senadores, perde o poder pela canetada de um ministro.

Quando o passado ressurge “por acaso”

Ontem eu vi um video da Daniela Lima no portal Uol que envolveu Alcolumbre, ocorrido em 2024. Só aí já é um sinal. Por que falar disso agora? Por que o assunto sabido há tempo, veio à tona pelo consórcio agora? Para mim, está claro que alguém soltou a mão do Alcolumbre e deve pagar mais do que ele para a imprensa divulgar o que também deve ter recebido para ocultar. A imprensa antiga toda está fazendo questão de repercutir e isso não faz parte de um bom jornalismo investigativo isento. Isso é friamente calculado. São recados dados e, dependendo da resposta, eles podem parar ou se tornarem mais frequentes.

A lógica dos dossiês em Brasília

Deve haver dossiês em Brasilia para todos os gostos e momentos e, no jogo político, para aqueles que devem algo, eles aparecem em doses homeopáticas.
Nos últimos meses, vários escândalos envolveram o amapaense, presidente do congresso Nacional, Davi Alcolumbre. Seu assessor e homem de confiança, Paulo Boudens, recebeu 3 milhões de uma empresa que lavou dinheiro roubado dos aposentados e repassava propinas aos beneficiários do esquema.
Eu não sei se o jornal o globo largou a mão do parlamentar, mas dia 22 de novembro, a manchete era que Aliado de Alcolumbre fez fundo aportar R$ 400 milhões no banco Master. Trata-se do escandalo do Banco Master onde o presidente da Amapá Previdência, Jocildo Lemos, indicado do Alcolumbre, jogou 400 milhões da aposentadoria de servidores, num banco falido e fraudulento. Parece que está cada vez mais impossível descolar Alcolumbre dos principais escândalos de corrupção do país.

O presente de grego do PCC

E agora foi a vez da grande imprensa desenterrar um episódio de 2024 que envolveu o senador, fazendo questão de superdimensioná-lo como grave. Trata-se de um presente de grego. Empresário ligado ao PCC, Beto Louco deu Mounjaro a Alcolumbre em 2024.
À época, a caneta de Mounjaro não era liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser comercializada no Brasil. Mas o que é contrabando de remédio e ter intimidade com Beto Louco perto dos 3 milhões na conta do Paulo Boudens e 400 milhões perdidos dos servidores aposentados do Amapá? Na minha percepção, a ordem é desgastá-lo mesmo. Já dizia o ditado: quem paga a banda escolhe a única e parece que a música não está soando bem aos ouvidos o presidente do congresso nacional.

Onde o caldo realmente entornou

Onde será que o caldo entornou? Tenho minhas desconfianças. Davi tem um candidato para o STF diferente do candidato do Lula e Lula ousou usar de sua prerrogativa para não indicar Pacheco, que é candidato do Davi e indicou Messias, aquele que aparece a gravação da Dilma mandando ele entregar a nomeação de Lula como ministro para tentar impedir sua prisão em 2016, lembram? O “Bessias”.

A Suprema Corte e o fim do pudor

Pois é, essa história toda escancara quase uma dezena de verdades que atestam a situação deplorável do judiciário brasileiro.: O que menos importa para compor a corte suprema é o notável saber jurídico. A indicação para uma corte que, em tese, deve ser completamente isenta e cuja bússola é apenas a constituição federal, é claramente política e eles nem fazem mais cerimônia, falam com uma normalidade assustadora sobre uma conduta vergonhosa e criminosa, já que estão montando um grupo de juízos políticos para os manterem no poder com o ar de legalidade.
Lula disse que não ia indicar amigo para a suprema corte, e esse já é o terceiro, Zanin, seu advogado, Dino, seu amigo de longa data e terrivelmente comunista, e agora o “Bessias”.
Com isso, a suprema corte é composta hoje por uma maioria que nunca foi juiz. Uma vergonha que não dá nem pra explicar em outros países como isso é possível. O STF avalia, valida ou anula decisões judiciais de instâncias inferiores proferidas por juizes concursados.
O negócio é ser amigo de Lula. Pra que estudar e se preparar se a amizade com poderosos encurta o caminho e põe no topo do poder judicial brasileiro?

A briga interna que expõe as rachaduras do poder

Eu me pergunto o que Lula deve ao Messias e o que Alcolumbre deve ao Pacheco para haver essa divergência entre aliados umbilicais?
Bom, Alcolumbre viu um ministro do STF tirar as prerrogativas do então presidente Bolsonaro em escolher o diretor da PF e agora, como líder do congresso, quer fazer o mesmo. Ele não está de todo errado, só quer usar a sua vez de rasgar a constituição, como os ministros fazem.
Contrariado e visivelmente frustrado, aquele que achava que era o dono da bola descobriu que a bola tinha outros donos. A meta agora seria reprovar o Messias na sabatina, coisa que nunca aconteceu antes. Aos que sofrem com a ditadura permitida por alcolumbre, tanto faz Messias ou Pacheco. Nenhum terá compromisso com a constituição federal e sim com quem lhe promoveu ao cargo.

O Senado que nunca reagiu

Mas tudo que está ruim, pode sempre piorar e o Brasil dos últimos anos prova muito bem isto. Davi fez acordos para chegar onde está e o que o Brasil mais precisou desde 2019, era de um presidente do senado que votasse os centenas de pedidos de impeacnment de ministros, prerrogativa dele. A sua última fala sobre isso foi que nem que tivesse 81 votos para o impeachment de Moraes, ele pautaria. Naquele dia, ele tirou o poder do povo!

O dia em que Alcolumbre provou do próprio veneno

E esta semana, ele sofreu a mais amarga vergonha que foi ter seu poder destituido por uma decisão monocratica do ministro Gilmar Mendes. Agora, o povo não pode pedir o impeachment de ministros do STF. Somente o PGR pode fazê-lo. Essa até a globo criticou.
Alcolumbre viu seu poder de pautar impeachment escorregando pelos dedos, tirado por desuso. Todo o avanço do STF ironicamente aconteceu pela falta de uso do poder legislativo, cuja presidencia foi ocupada por duas vezes pelo Davi e uma vez pelo Pacheco que também não agiu.
Davi está provando do próprio veneno. Ele tirou poderes de 81 senadores, tirando assim poderes do povo que agora ele jura que vai defender diante desse arbitrio. Numa canetada, ele recebeu o que semeou.

Entre a dor e a ironia

Ainda que como cidadã eu esteja atônita com tamanha ousadia de Gilmar em atropelar uma lei antiga para se blindar e blindar seus pares e assim, se perpetuar no poder judicial e usarem dele politicamente para manter amigos no poder executivo e legislativo, ainda que eu queria muito que isso não se torne real, mas confesso que ver Alcolumbre com rabo preso e sem poder, sentindo na pele o que os cidadãos brasileiros sentem ao terem seus direitos arrancados, me deu um certo prazer. Existem pessoas que só aprendem com a dor e algumas delas, nem com a dor.
Um judeu que apoia um governo pró hamas e ante israel, um homem que tem poder para votar a anistia e libertar centenas de inocentes que estão presos há quase 3 anos, e que não fez bom isso desse poder, agora está sem bala na agulha para manipular e fazer com que a sua vontade prevaleça.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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