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Relatos e provas robustas. Mike Benz pesquisa sobre censura há 10 anos e prestou esclarecimentos à CREDN.

Audiência pública expõe denúncias graves

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (CREDN) realizou, nesta quarta-feira (6), uma audiência pública para ouvir Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
A participação, feita de forma remota, atendeu ao Requerimento nº 10/2025, de autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que solicitou a oitiva para detalhar denúncias sobre a interferência da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) no Brasil.

Segundo Benz, provas e documentos disponíveis publicamente mostram que, ao longo dos últimos sete anos, o governo americano financiou e treinou redes de censura no Brasil, envolvendo tribunais, sindicatos, sociedade civil e meios de comunicação.

Pres. da CREDN, Dep. Filipe Barros (PL-PR), disse que o conteúdo trazido por Mike Benz é gravíssimo.

“O que está acontecendo no Brasil é uma história que está chocando o mundo inteiro. Todos os caminhos da censura na internet nos EUA pareciam passar pelo Brasil.”
Mike Benz

O salto de recursos enviados ao Brasil

Benz revelou que a operação começou em 2018, ainda no governo de Donald Trump, sem o conhecimento do presidente, e se intensificou sob Joe Biden.
Documentos públicos do site foreignassistance.gov mostram que o volume de recursos enviados ao Brasil dobrou em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, atingindo 68 milhões de dólares, e triplicou no meio do mandato, chegando a 87 milhões de dólares. Após o término do governo, os valores voltaram ao patamar anterior.

audiencia fim

Financiados pelo governo americano, jornalistas e agências de "checagem"  prejudicaram Bolsonaro durante os 4 anos de seu mandato.

“Não era ajuda ao Brasil. Eram recursos para desenvolver ativos usados no ataque ao governo Bolsonaro.” — Mike Benz

Censura como estratégia de Estado

Benz destacou que, em fevereiro de 2023, na primeira declaração conjunta entre Biden e Lula, foi reafirmada a intenção de “reforçar a resiliência social contra a desinformação” — que, segundo ele, significou na prática o controle das fontes de informação no Brasil.
Documentos publicados cinco meses antes das eleições brasileiras já previam investimentos para combater a “desinformação” nas redes sociais, oferecendo capacitação, recursos e instrumentalização de instituições brasileiras.

“Em vez de exportar a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, exportamos a sua violação mais absoluta.” — Mike Benz

audiencia agosto

Financial Times denuncia: "A Campanha discreta dos EUA para definir as eleições no Brasil."

A campanha secreta revelada pela imprensa

Para ilustrar as denúncias, Benz citou a manchete do Financial Times:
“A campanha discreta dos EUA para definir as eleições no Brasil”.

Segundo a reportagem, houve uma articulação inédita do governo Biden envolvendo Casa Branca, Pentágono, CIA, Departamento de Estado, USAID e militares.
Benz também denunciou que houve apoio americano na produção e fornecimento de semicondutores usados nas urnas eletrônicas brasileiras, com participação da empresa norteamericana Texas Instruments e a empresa Taiwandesa Nuvoton Technology Corporation. 

Pressão direta sobre autoridades brasileiras

Benz relatou que a CIA orientou pessoalmente o governo Bolsonaro a não questionar as urnas eletrônicas. Pouco tempo depois, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, também pressionou o alto comando das Forças Armadas brasileiras a se comprometer com uma “democracia segura e transparente”.

“Imaginem o que é para um brasileiro ver um país estrangeiro instalar componentes das urnas e, em seguida, proibir que elas sejam questionadas.”
Mike Benz

audiencia comprova

Pressão da CIA em maio, sobre o governo Bolsonaro quanto às eleições que aconteceriam em outubro.

Barroso e o “papel decisivo” dos EUA

O ex-funcionário do Departamento de Estado mencionou declarações do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que afirmou que os EUA tiveram “papel decisivo” na prevenção de uma tentativa de golpe no Brasil.

Para Benz, isso demonstra uma relação direta entre autoridades brasileiras e o aparato americano de censura.

Estrutura coordenada de interferência

Benz explicou que 48% do Congresso americano opera sob cobertura da CIA e que a estrutura de interferência reúne agências de inteligência, a USAID e entidades como o National Democratic Institute.
Segundo ele, essa rede atua para promover censura, manipular processos políticos e até derrubar governos estrangeiros.

“Sob o pretexto de fortalecer instituições democráticas, os EUA construíram e financiaram uma rede internacional de censura cujo impacto no Brasil ainda não foi totalmente dimensionado.”
Mike Benz

 audiencia brasill

Com a desculpa de apoiar democracias em todo o mundo, esses órgãos ensinavam a como censurar opositores.

A engrenagem da censura internacional

Na sequência de seu depoimento, Mike Benz apresentou à Comissão um panorama da rede coordenada de interferência que, segundo ele, operou no Brasil.
No centro dessa estrutura, estaria a USAID, que servia como plataforma para financiar e articular ONGs, instituições acadêmicas, órgãos da mídia e setores da sociedade civil alinhados aos interesses de Washington.

“A USAID não veio para ajudar. Veio para desenvolver ativos e instituições instrumentalizadas para manipular questões políticas em países estrangeiros.”
Mike Benz

audiencia seguranca

Após aplicarem censura nas eleiçoes dos EUA, em 2020, agências se tornaram consultoras do STF no Brasil. A narrativa era o "combate à desinformação"

O papel da NED e das ONGs financiadas pelos EUA

Benz explicou que, por meio da USAID, entidades como o National Democratic Institute (NDI) foram mobilizadas para implementar estratégias de censura e influenciar o cenário político brasileiro.
Ele ressaltou que, embora apresentadas como ONGs independentes, essas instituições são financiadas quase integralmente pelo governo americano e reportam diretamente ao Congresso dos EUA.

Segundo Benz, o NDI é parte de uma rede capaz de atuar em segundo plano para alterar o debate público e pressionar governos eleitos.

audiencia logo

A Atlantic Council é financiada por onze agências americanas e recebeu milhões de dólares para ajudar a implantar a censura.

Documentos e provas públicas

Durante a audiência, Benz exibiu documentos públicos, muitos disponíveis em portais oficiais norte-americanos, que registram: Fluxo de recursos da USAID para o Brasil entre 2018 e 2023; Programas de “combate à desinformação” vinculados ao Departamento de Estado; Treinamentos e capacitações oferecidos a jornalistas, magistrados e ativistas; Parcerias estratégicas com instituições brasileiras para ampliar a capacidade de censura nas redes sociais.

“Esses dados estão à vista de todos. O problema é que não se debate o que realmente significam. Eu estudo sobre censura há 10 anos e me envergonho do meu país ter financiado tudo isso” — Mike Benz

moraes ifes

Intercãmbio entre o TSE, presidido por Moraes, e IFES, para preservar a confiança nas eleições do Brasil. 

Conexões com o Judiciário brasileiro

Benz foi direto ao mencionar que autoridades brasileiras mantiveram comunicações e articulações com órgãos e ONGs norte-americanos para consolidar a estrutura de censura.
O exemplo mais notório, segundo ele, foi a atuação do ministro Luís Roberto Barroso, que admitiu ter solicitado apoio explícito dos EUA em três ocasiões para “defender a democracia brasileira” durante seu período à frente do TSE.

“Se membros do governo e da sociedade civil são investigados por contato com autoridades americanas, por que o próprio presidente do STF não sofre esse mesmo questionamento?” — Mike Benz

audiencia programa

Organizações patrocinadas por dinheiro público americano "ajudaram" o TSE a salvar a "democracia" implantando a censura

O caso Starlink e a liberdade de expressão

Benz citou ainda o episódio envolvendo a tentativa de apreensão de ativos da Starlink no Brasil, classificando-o como parte do esforço para restringir a liberdade de expressão.
Ele criticou o fato de que entidades diretamente ligadas ao Comitê de Relações Exteriores dos EUA — como a USAID e a CIA — não tenham sido alvo de responsabilização, apesar de operarem ativamente no Brasil na implantação dessa censura que atingiu até a Starlink.

Pressões, ameaças e alinhamento político

O depoimento apontou que a interferência não se limitou à censura digital.
Segundo Benz, representantes da CIA e do Departamento de Estado chegaram a pressionar autoridades militares brasileiras antes mesmo das eleições, exigindo que não fossem levantadas dúvidas sobre o processo eleitoral.

“Por que enviar chefes da CIA e do Departamento de Estado para ameaçar um governo antes de uma eleição? Isso não é apoio à democracia, é controle político.”
Mike Benz

Mike Benz afirmou que o que estava apresentando não era uma teoria, mas um histórico documentado de ações e financiamentos que resultaram na exportação de mecanismos de censura para o Brasil..

“Sob o discurso de fortalecer instituições democráticas, os Estados Unidos criaram uma rede de censura global. O Brasil foi um dos principais alvos. Até mesmo porque, segundo pesquisas feitas por esses órgãos, ele era o pais que 'mais consumia desinformação.'”
Mike Benz

audiencia urnas

A NED é o grande guarda-chuva que congrega agências no mundo para interferir em processos eleitorais fora dos EUA.

As revelações do Washington Post e o pano de fundo da Guerra Fria

Mike Benz lapresentou reportagem do Washington Post, publicada em 1991, que expunha a participação da CIA em golpes de Estado e no financiamento secreto de grupos de oposição durante a Guerra Fria. As revelações geraram repúdio internacional à interferência dos EUA em políticas internas de outros países.

A criação da NED: a “privatização” da CIA

Quando Ronald Reagan assumiu a presidência, descobriu que setores do Partido Democrata não queriam devolver certos poderes adquiridos. A solução foi “privatizar” parte das operações da CIA, criando a National Endowment for Democracy (NED) — uma suposta ONG para “promover a democracia”, mas financiada integralmente com dinheiro público americano.

Confissão do fundador: democracia como fachada

O próprio fundador da NED admitiu ao Washington Post que a organização foi criada para mascarar ações da CIA, permitindo operações secretas sob o pretexto de fortalecer regimes democráticos. 

O acordo com o governo Biden para ocultar informações

Segundo Benz, em 2023, o Departamento de Estado de Joe Biden fechou um acordo com a NED para classificar como “sensível” uma dotação de 315 milhões de dólares, impedindo que o público soubesse como os recursos estavam sendo utilizados.

A chegada da NED ao Brasil após a vitória de Bolsonaro

Até 2018, a NED não possuía um portfólio dedicado ao Brasil. Menos de um mês após Bolsonaro ser eleito, o National Democratic Institute (NDI) lançou a coalizão Design for Democracy (D4D), que, segundo Benz, passou a “atacar a internet brasileira” sob a justificativa de combater a desinformação.

Do combate à desinformação à censura

Benz afirmou que o D4D atua para fortalecer a censura em redes sociais e controlar o fluxo de informações políticas, estabelecendo canais diretos com grandes empresas de tecnologia. Parte do planejamento foi feita em eventos internacionais realizados em Londres, Vale do Silício e Washington D.C.

O papel da USAID e de entidades de influência

No Brasil, o D4D financia e articula parcerias com ONGs e entidades da sociedade civil para criar a impressão de ações genuinamente brasileiras, quando, na realidade, são coordenadas por agências americanas. Entre as instituições financiadas pelo governo dos EUA estão: IFES, International IDEA, International Republican Institute, Internews e o próprio NDI.

Envolvimento do ministro Barroso e do TSE

Benz citou encontros de Luís Roberto Barroso com o NDI para “controlar o ambiente informacional das eleições”. O IFES, financiado por contribuintes americanos, também organizou reuniões de “planejamento de censura” com participação do presidente do TSE, Ministro Alexandre de Moraes.

Campanhas contra Elon Musk e controle narrativo

Ele criticou publicações financiadas por essas organizações que classificaram Elon Musk como “ameaça maior que Putin ou o regime chinês” após o STF banir o X e confiscar ativos da Starlink. Para Benz, trata-se de prova do uso de recursos públicos americanos para manipulação política no Brasil.

Treinamentos e mapeamento de palavras-chave

Benz apresentou vídeos de cursos e treinamentos de censura promovidos em 2021 pela USAID, NDI e Open Society Foundation, destinados a mapear palavras e criar políticas amplas de moderação de conteúdo online.

audiencia tse

A moderação de conteúdo através da seleção de palavras chaves e a censura sendo implantada com a narrativa de proteger a democracia.

Ação de brasileiros alinhados às agendas externas

Entre os nomes citados está João Guilherme Bastos dos Santos, diretor da ONG “Democracia em Xeque”, que atuou junto ao TSE e magistrados para aprovar medidas de censura, inclusive convencendo plataformas como o Telegram a remover grupos e conteúdos. Ele fez capacitações sobre como combater a "desinformação".

audiencia capacitacao

João Guilherme defende que é mais fácil implantar a censura através de regulamentações no judiciário do que convencendo as plataformas.

O papel do Atlantic Council e a ligação com a CIA

Benz destacou a atuação do Atlantic Council, financiado por 11 agências governamentais americanas e com sete ex-diretores da CIA no conselho, apoiando o TSE e expandindo operações de “combate à desinformação” no Brasil desde 2018.

audiencia quarta

Atlantic Council tem sete ex-agentes da CIA em sua diretoria e é o órgãos que presta consultoria e direciona a Justiça Eleitoral no Brasil.

O consórcio de censura e a atuação do COMPROVA no Brasil

“Pelo menos na América Latina nós fizemos um trabalho incrível de verificação de fatos, uma grande iniciativa com muita colaboração e com muitos atores”, declarou uma representante da organização responsável por implementar no Brasil o consórcio de censura da internet conhecido como COMPROVA.
Segundo Mike, a presidente do First Draft, Claire Wardle, chegou a conversar pessoalmente com o ministro Luís Roberto Barroso para estruturar um sistema de controle de informação dentro do TSE.

O “Observatório de Eleições” e a agenda do Atlantic Council

Em um painel chamado Observatório de Eleições, promovido pelo Atlantic Council — financiado por diversas organizações do governo americano, incluindo a CIA, que conta com sete ex-diretores em sua equipe — foram discutidos problemas percebidos em eleições que “não ocorreram como desejavam”. Entre os “desafios” listados estavam: Polarização política; Desconfiança nas instituições; Uso de aplicativos de mensagens

audiencia filipe

Observatório de eleiçoes promovido pelo Atlantic Council  diz que essa troca de informações entre familiares e amigos pelo whastapp é um problema.

O foco de preocupação era o comportamento de cidadãos que confiavam mais em familiares e amigos do que em instituições internacionais, e que se comunicavam livremente por WhatsApp e Telegram. O Atlantic Council classificou essa tendência como “um grande problema”, chegando a citar como exemplo países como Suécia, Moldávia, Reino Unido, México, Indonésia e Índia.
Segundo Mike, o discurso feito no painel alertava até para o “perigo dos grupos familiares no WhatsApp” e da “hierarquia familiar” na formação de opinião. “Como americano, quando ouvi isso em 2019, não pude acreditar que uma organização financiada por agências do governo americano, com sete ex-diretores da CIA, quisesse policiar conversas entre pais, mães e filhos," Mike Benz.

O Atlantic Council dentro do TSE

Mike afirmou ter em mãos o plano estratégico de 2022 do TSE, cujo Programa Permanente de Combate à Desinformação foi lançado em outubro de 2020, já com o Atlantic Council atuando como instituição interna para “censurar milhões de cidadãos brasileiros”.
“Como pode uma organização com sete ex-diretores de uma agência de inteligência estrangeira fazer parte do conselho consultivo do TSE para identificar postagens e conteúdos no Brasil?”, questionou.

audiencia hoje

Atlantic Council é a principal parceira do TSE no combate à desinformação, que na verdade é censura.

Entre as organizações financiadas pelo governo americano e envolvidas nesse processo, ele citou o Instituto Igarapé e a Avaaz — esta última, segundo ele, “epicentro da resistência global a Donald Trump” e abertamente tendenciosa.

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Avaaz está entre as agências que, com o pretexto de proteger a democracia, ataca Trump e seus aliados

Da censura nos EUA ao treinamento no Brasil

O Atlantic Council, apontado como um dos principais responsáveis pela censura nas eleições americanas de 2020, teria firmado um acordo para ter acesso ao controle de operações cibernéticas, identificando postagens no Twitter e outras redes.
De acordo com Mike, essa mesma estrutura foi trazida ao Brasil pelo STF, que recebeu treinamento e “competências especiais” diretamente da organização. “Tudo isso está disponível online no site do STF. Em 2022, o Atlantic Council, financiado pelos militares, pelo Departamento de Estado, pela USAID, pela CIA e pela NED, com sete ex-diretores da CIA, treinou ministros brasileiros em como censurar”, reiterou.

Declarações e conexões políticas

Poucos meses antes das eleições brasileiras, Emerson Brooking, do Atlantic Council, chamou Trump de “campeão da desinformação”. Mike argumenta que Brooking, com profundo vínculo com militares e ONGs financiadas por agências americanas, foi autorizado a censurar a internet nos EUA e agora ensinam o STF a aplicar métodos semelhantes no Brasil." Essa capacitação e parceria do Atlantic Council com a justiça brasileira  mostra que o TSE vai derrubar o que o Atlantic Council indicar que deve ser derrubado," disse.

Ele também relembrou a confissão do fundador do NED: “O propósito da nossa democracia era encobrir ações da CIA, para que os grupos financiados não fossem vistos como apoiados por ela”. Carl Gershman, que liderou o NED por 20 anos, teria forte ligação com o atual chefe da rede NED no Brasil, ex-vice-presidente do Atlantic Council, Damon Wilson.

Parcerias internacionais e financiamento de mídia

Segundo Mike, o Atlantic Council está treinando juízes contra a “extrema direita” no Brasil e nos EUA, em parceria com a Internews, que financia organizações midiáticas no mundo inteiro — incluindo no Brasil.
Ele afirma que esses recursos também servem para “financiar e censurar jornalistas que se opõem às agendas” das entidades e para capacitar milhares de profissionais em estratégias de “combate à desinformação”.

Censura durante a pandemia

Durante a pandemia de Covid-19, a Internews teria recebido meio milhão de dólares do governo americano para aplicar no Brasil, lançando um programa global de “informação da pandemia” que resultou em mais de 19 mil supostos “boatos” identificados, 130 boletins distribuídos e oficinas e workshops sobre “como melhor censurar a internet”

Segundo Mike, tudo foi financiado por contribuintes americanos e realizado em parceria com a NED.

Treinamentos e operações da Embaixada dos EUA

Em 2020, o Departamento de Estado americano teria promovido treinamentos de brasileiros nas embaixadas, reunindo jornalistas, empresários e diplomatas para desenvolver “soluções tecnológicas” contra a desinformação, incluindo o uso de inteligência artificial para censura e o monitoramento de linhas de comunicação no WhatsApp

Uma pesquisa divulgada na época apontou o Brasil como “o pior país do mundo” no consumo de notícias falsas. “Então eles querem decidir o que é verdadeiro ou falso — e a embaixada americana vai ensinar como censurar no seu próprio país”, ironizou Mike.

A Polícia Federal e o TSE no combate às redes de informação

Mike destacou que o ministro Barroso chegou a postar sobre o uso da Polícia Federal para “desmantelar redes de desinformação” e conter cidadãos que, muitas vezes, apenas compartilhavam conteúdo de forma inocente.
“Mais uma vez, o chefe do TSE está ao lado de ONGs americanas, financiadas pelo governo dos EUA, para coordenar atividades de censura no Brasil” - Mike Benz.

Declarações de Antony Blinken e ligação com Barroso

Benz exibiu uma manifestação pública do secretário de Estado americano, Antony Blinken, feita durante um painel com o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso:

“Esta é uma instituição que está fazendo um trabalho significativo nos desafios do nosso tempo.”

Segundo Benz, arquivos da CIA indicam que Samantha Power, chefe da USAID, conduziu políticas de governança coordenadas com a National Endowment for Democracy (NED).

Em seguida, mostrou um vídeo de Barroso, no qual o ministro afirma que 70% da população brasileira utiliza o WhatsApp como única fonte de informação. Por isso, o TSE teria fechado acordos especiais com a plataforma, criando um chatbot para enviar mensagens a todos os usuários registrados e um canal para denúncias de mensagens não solicitadas ou de campanha.

No vídeo, Barroso relatou ainda que 200 contas foram banidas ou suspensas por disseminar mensagens políticas ilegais, contra o sistema eleitoral ou críticas ao tribunal. Ele afirmou que havia firmado parceria com nove agências de checagem de fatos no Brasil, formando um grupo no WhatsApp para encaminhar conteúdos suspeitos às verificadoras, que então publicavam os resultados na página “Fato ou Boato” do TSE. O ministro destacou que até o acesso a essa página foi liberado sem custo de dados pelas operadoras e declarou:

“Estamos preparados para a guerra e acredito que até agora estamos vencendo. Amedrontamos amadores e profissionais, as milícias digitais financiadas. Estamos prestando bastante atenção a eles e alguns deles nós desmantelados com a polícia federal e com grande publicidade, então eu acho que reduzimos as campanhas de desinformação para o mínimo durante as eleições, felizmente,” disse Barroso.

Orgulho da censura e financiamento estrangeiro

Segundo Benz, Barroso falava com representantes da USAID sobre assuntos políticos, demonstrando orgulho do modelo de censura implementado no Brasil.

“Eles se gabam dessa censura online. Foi um exercício prático para ensinar ativistas a trabalhar com grupos e plataformas para remover discursos políticos, com pedidos de mais recursos ao governo americano”, afirmou Benz.

Ele citou ainda que o Wilson Center, financiado pelo governo dos EUA e ligado à CIA e ao Departamento de Estado, se opôs a um projeto de lei que limitaria o poder de censura do TSE sobre políticos. Para Benz, isso significava pressionar para que parlamentares pudessem ser presos por suposta disseminação de desinformação.

Atlantic Council, Facebook e a rede de checagem

Benz lembrou que o Atlantic Council, parceiro do Facebook desde 2018, colaborou com o TSE para que postagens consideradas “censuráveis” fossem encaminhadas a nove agências de verificação de fatos — a maioria com financiamento americano via USAID.

Segundo ele, isso permitiu que decisões de remoção de conteúdo fossem tomadas por organizações financiadas pelo Pentágono, incluindo exclusões de páginas e contas favoráveis a Jair Bolsonaro.

Em um vídeo de 2018, num evento promovido pelo Atlantic Council o painelista presentou  técnicas chamadas “4D” — Dissmis, Distort, Distract, and Dismay. Que no português seria Desdenhar,, Distorcer, Distraír e Dissuadir — para treinamento de jornalistas no combate à desinformação.
Benz acusou a entidade de “treinar jornalistas como cães adestrados para encontrar motivos para censurar postagens na internet”.

Tecnologia e rastreamento

Benz apontou a ONG Medan, de São Francisco, como braço civil da DARPA (agência militar americana), que teria recebido US$ 5,7 milhões para desenvolver tecnologia de rastreamento de contas e grupos. O CEO da Medan teria sido premiado pelo trabalho de monitoramento de mensagens no Brasil durante as eleições de 2022, classificando apoiadores de Bolsonaro como fonte de má informação.

O “laboratório de contra-desinformação” teria reunido 24 redes brasileiras, coordenadas pelos EUA, incluindo 42 redações jornalísticas. No segundo turno de 2018, o projeto Comprova e outras agências participaram de grupos de trabalho da Justiça Eleitoral.

“Marionetes americanas” e controle político

Para Benz, nove grupos de verificação de fatos no Brasil são “marionetes americanas” — entre eles Agência Lupa, Aos Fatos, Comprova e Abraji — financiados diretamente pelo Departamento de Estado.

Ele classificou o CEPPS (Consórcio de Eleições e Processos Políticos) como instrumento de controle do processo eleitoral estrangeiro e destacou a parceria com o TSE.

“A corte precisa manter o controle para agir de acordo com os interesses do governo americano. Essas organizações financiam, treinam e monitoram, visando censura o ano inteiro e transformando isso em marco regulatório”, denunciou.

Parcerias com mídia e projetos nacionais

Benz também citou jornalistas da TV Globo, GloboNews e G1 como parte de uma “rede de censura”. Mencionou projetos como Radar, que mapeia o fluxo de desinformação, e “Sobrevivendo nas Redes”, para “fortalecer a cultura civil contra a desinformação”.

Segundo ele, até a FGV — com sua “Sala de Democracia Digital” — teria monitorado grupos familiares no WhatsApp, restringindo a comunicação de apoiadores de Bolsonaro.

 

audiencia paca

Querem fazer parecer que as iniciativas foram originadas no Brasil, mas vieram dos EUA e foram financiadas pela USAID

Silêncio do Departamento de Estado e atuação do “Comprova”

Benz questionou por que o Departamento de Estado permaneceu em silêncio quando, no ano anterior, uma empresa americana foi proibida de atuar no Brasil.

Ele também apontou que o projeto Comprova, composto por uma força-tarefa de 30 organizações brasileiras, atuou em parceria com a Embaixada dos EUA, o Departamento de Estado, a NED e a USAID, ordenando a retirada de conteúdos condenados pelas verificadoras.

Segundo Benz, o governo americano não se manifestou quando plataformas americanas foram retiradas do país, enquanto o “Fato ou Boato” — ferramenta usada pela Globo — teria ligação direta com programas da USAID e com o CEPPS, consórcio ligado a ações políticas internacionais.

Monitoramento de mensagens e influência no resultado eleitoral

Benz afirmou que, em 2020, a convite do governo americano, o TSE aceitou monitorar conversas no WhatsApp, chegando a derrubar mil contas após a análise de 20 milhões de mensagens.

Ele destacou que o “Fato ou Boato” foi desenvolvido pela empresa americana Meedan, cujo CEO declarou publicamente que o trabalho ajudou a direcionar as eleições para Lula, ao classificar mensagens favoráveis a Bolsonaro como “má informação”.

“A Meedan está censurando qualquer um que desafie a Globo, inclusive notícias positivas sobre administrações locais na pandemia que davam crédito a Bolsonaro”, afirmou Benz.

Declarações do CEO da Meedan e parceria com o TSE

Segundo Benz, o próprio CEO da Meedan afirmou:

“Eu não vou pegar leve no Brasil. Nós fomos abordados pelas autoridades do TSE, desenvolvemos um chatbot capaz de enviar 145 mil respostas diretas a usuários que pesquisassem sobre autoridades. Temos uma chance plausível de que este projeto tenha tido impacto tangível no resultado dessa eleição extremamente contestada.”

Benz interpretou essa fala como uma confissão de interferência direta no resultado eleitoral.

Treinamento do TSE para implementar censura

O denunciante acusou a USAID de realizar programas de treinamento sobre como censurar a internet brasileira, identificando apoiadores de Bolsonaro para bloqueio de conteúdos no WhatsApp.

Segundo ele, houve reuniões de até 8 horas entre representantes da USAID e do TSE, com participação de Barroso e convidados de Harvard. Esses encontros, afirmou, foram gravados e hospedados um ano antes das eleições, com toda a rede de verificadores de fatos sendo de origem americana.

Benz revelou ainda que o governo americano produziu um documento “treinando” o TSE a adotar censura sob outros rótulos: “Mentir dizendo que não é censura, mas sim educação do eleitorado, comunicação estratégica e promoção da democracia.”

Barroso, segundo ele, selecionou pessoalmente integrantes para treinar os 21 TREs do Brasil, com orientação vinda da Virgínia, nos EUA.

Recursos para sindicatos e influência política

Benz também denunciou que canalizaram dezenas de milhões de dólares para o Brasil, incluindo 12 milhões destinados a sindicatos, em especial os que apoiam Lula.

O presidente da CREDN, deputado Filipe Barros, classificou as revelações como gravíssimas:

“Foi uma tentativa muito bem-sucedida de interferência nas eleições brasileiras. Esse complexo industrial da censura é obra direta do Partido Democrata dos EUA para interferir na democracia brasileira. A eleição de Lula só foi possível por causa dele, para calar os eleitores de Bolsonaro, censurar redes sociais e usar agências de checagem ligadas ao TSE para decidir o que pode ou não circular.”

Barros lembrou que a lei eleitoral proíbe partidos de receberem recursos de organizações internacionais e afirmou que o PT foi beneficiado de forma indireta:

“Sabemos para quem os sindicatos trabalharam na última eleição. Eles estão ganhando em dólar; antes era pão com mortadela.”

Repercussão nas redes e importância histórica

No dia da audiência, o nome de Mike Benz foi o assunto mais comentado no X, com 268 mil visualizações no canal da Câmara Federal no Youtube até o fechamento da matéria, além de transmissões simultâneas tanto no YouTube e outras redes.

A audiência foi considerada uma das mais importantes das últimas décadas por revelar as raízes do atual cenário político brasileiro e levantar a necessidade de medidas duras para punir responsáveis e garantir eleições de 2026 sem interferência externa, com voto auditável, impresso e contagem pública.

Assista a audiência pública na íntegra abaixo:

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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