Em evento da XP Investimentos, em São Paulo, Tarcísio ignora a real solução para o tarifaço: anistia dos presos políticos
Há lideranças políticas se fazendo de sonsas em plena guerra. São os amantes do mercado, da Faria Lima, os liberais que preferem lucrar com especulação enquanto o país afunda. Querem enriquecer do sofá, mesmo que o Brasil entre em bancarrota. Nos olhos, não há brilho patriótico—há cifrões.
Não sei se agem por ganância cega ou frieza calculada, mas uma coisa é certa: ainda não compreenderam a gravidade da situação. E se compreenderam, estão apenas buscando a melhor forma de saquear a nação tombada. Comportam-se como urubus, mas aqui não há carniça—há um país em colapso moral. Sem liberdade. Sem lei.
Eu não respeito quem, nesta altura do campeonato, ainda repete que o problema do Brasil é "apenas" econômico. Que trata o tarifaço como uma questão de diplomacia mal conduzida. Não! Isso é um sinal claro de que estamos naufragando como nação porque perdemos nossas liberdades mais básicas. E se elas não forem recuperadas imediatamente, não haverá sequer com quem comercializar.
A menos que esses pragmáticos da economia almejem o modelo de "prosperidade" chinês—onde o Estado escraviza seu povo e todas as empresas pertencem ao governo—é melhor que assumam logo essa posição, em vez de fingirem preocupação com a economia enquanto ignoram a ditadura instalada. Isso não é pragmatismo. É desonestidade. É mau-caratismo.
Até tu, Tarcísio? Assim não dá.
Focar só em números e mirar eleições 2026, ignorando a luta por anistia de centenas de presos políticos, é ser tão desumano quanto quem provocou essas prisões. Dormir tranquilo enquanto inocentes apodrecem nas cadeias, e perder o sono por causa de prejuízo fiscal em seu estado, revela onde realmente está o coração de vocês.
Qual parte da carta de Trump vocês ainda não entenderam? Para ignorar Bolsonaro em 2026, vocês conseguem também ignorar as idosas—com idade de suas mães—mofando atrás das grades por ordem de um ministro, no mínimo, desequilibrado?
Até quando fingirão que está tudo normal? Parem de tratar o tarifaço como se fosse só um “capricho do Malvadão Trump”. Ele, mesmo com seus interesses, enxergou a barbárie que vocês se recusam a ver. Ele foi mais humano do que todos vocês juntos.
De que adianta crescimento econômico quando pessoas estão sendo presas, torturadas e censuradas? O Brasil não precisa de relatórios técnicos agora. Precisa de coragem.
A chamada “terceira via” que vocês tentam representar—com discursos em eventos da XP e jantares com banqueiros—parece mais uma entrevista de emprego para ver qual será o preferido do mercado para “pacificar” o país. Mas não se enganem: vocês se tornaram os idiotas úteis do sistema.
Vocês são os bobos da corte do mercado.
Um mercado que lucra tanto com a quebradeira quanto com o sucesso. Vocês estão onde estão para fazer o país dar certo, mas ele jamais dará certo sem liberdade e sem justiça.
Não importa o quanto seu estado arrecada, se as pessoas vivem com medo. Não importa quanto os empresários prosperam, se o povo perdeu a voz—e até o silêncio virou crime.
Parem de fingir que existem soluções econômicas viáveis em um país onde a Constituição é rasgada todos os dias. Parem com os discursos "lacradores", pois criticar esse governo não exige mais que dois neurônios. Vocês têm mais que isso. Podem enxergar todas as anormalidades que tiraram o Brasil do prumo—mas preferem não fazê-lo.
Querem avançar economicamente, mas não querem se sujar com a luta pela verdade. Continuando assim, não passam de marionetes do sistema—limpinhos, educadinhos, polidos mas, ainda assim, marionetes. O mundo está ouvindo o grito dos brasileiros que vocês ignoram.
Saiam do ar-condicionado. Das palestras. Coloquem os pés no chão. Ignorar a realidade pode até ser politicamente correto agora, pode lhes garantir uma entrevista na rede globo, mas será o sacrifício do futuro.
Hoje, o povo quer representantes que lutem por sua liberdade. Sem ela, não há verdadeira prosperidade.
Os afagos que vocês fazem ao mercado, enquanto o país é amordaçado, não serão esquecidos—caso ainda reste a possibilidade de voto.
O Brasil só continuará sendo parceiro de quem quer que seja se continuar de pé como nação. Qual país vai comercializar com outro que não defende nem seu próprio povo? Que ignora suas próprias leis?
Tirem a coleira do mercado do pescoço. Vistam calças de homem. Comecem a servir ao povo brasileiro—lutando, antes de tudo, para que o povo seja livre.
Um país tão rico com um povo tão pobre e agora sem liberdade é resultado direto de uma política corrupta e de políticos aliciados por interesses econômicos. Escravos de seus próprios planos pessoais.
Quem não ama o Brasil acima de seus projetos individuais não merece crédito algum. Ficarão apenas os que tiverem coragem de encarar a realidade como ela é e lutar com a coragem que o momento exige.
Quem continuar fingindo normalidade estará ajudando a construir não uma terceira via… mas o fim de qualquer caminho. Pois num regime ditatorial, sequer haverá segunda.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
www.palavrasdeadrianagarcia.com
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