Enquanto Escola de Samba da Mangueira recebe adiantado, obra na Orla do Aturiá segue atrasada
Na última semana, intensificaram-se as críticas à gestão do governador Clécio Luís, especialmente pela não entrega da obra de urbanização do Complexo da Orla do Aturiá, em Macapá. O episódio não chamou atenção apenas por ser mais um exemplo entre tantas obras não concluídas, mas também por envolver um impasse administrativo inusitado: o local em questão já havia sido contemplado com uma ordem de serviço assinada pela Prefeitura de Macapá em 8 de fevereiro de 2024, com investimento de R$ 12 milhões oriundos de emenda parlamentar do senador Randolfe Rodrigues, além da contrapartida do tesouro municipal.
Surpreendentemente, apenas uma semana depois, em 15 de fevereiro, o Governo do Estado lançou o mesmo projeto de urbanização no mesmo local, desta vez com orçamento de R$ 29 milhões, via emenda do senador Davi Alcolumbre, com previsão de entrega para 6 de junho de 2025. Resultado? Nem a obra estadual foi entregue, nem a gestão municipal teve autorização para executar seu plano original. Uma sobreposição de iniciativas que mais atrapalha do que ajuda — e, como sempre, quem perde é a população.
Dep. Estadual RNelson(PL) fiscaliza as obras do Governo e deu o selo de Tartaruga cansada para o Gestor Estadual.
Se a obra tivesse sido conduzida com a celeridade e responsabilidade que marcam a administração municipal, a orla já estaria finalizada, beneficiando moradores, empreendedores locais e reforçando o conjunto de cartões-postais da capital. Tudo isso com um orçamento inferior à metade do valor anunciado pelo Estado. Enquanto isso, o governo estadual permanece paralisado em promessas e anúncios grandiosos, sem entrega concreta.
A situação se agravou com a notícia de que, na mesma semana, a Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult/AP) assinou o Fomento nº 006/2025, destinando R$ 10 milhões ao Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro. Segundo o portal do governo, a parceria assegura uma “execução técnica impecável do projeto”, além de garantir “a perpetuação e disseminação de um legado cultural imprescindível para o Amapá”.
No entanto, a realidade é contraditória: o mesmo governo que destina milhões a uma escola de samba em outro estado, é o que deixa dezenas de obras abandonadas em sua própria terra, ignorando as necessidades básicas de sua população. A pergunta que ecoa entre os amapaenses é: de que adianta ser tema da Sapucaí, se falta respeito e dignidade ao povo?
O Amapá continua enfrentando os mesmos desafios históricos, e só não está, literalmente, sambando na lama porque a Prefeitura de Macapá construiu o Parque Meio do Mundo. São escolhas que revelam prioridades totalmente invertidas — e que aumentam a indignação de um povo que, em 2026, deve se lembrar dessas decisões na hora de votar.
Enquanto o governo estadual patina, a Prefeitura de Macapá segue sendo uma máquina de entregas, mesmo com recursos infinitamente menores. A diferença está na gestão: o prefeito Dr. Furlan conquistou 85% de aprovação na última eleição não por marketing, mas por trabalho sério, com uma equipe comprometida, respeito ao dinheiro público e foco real em melhorar a vida das pessoas.
A falta de criatividade do governo estadual chega a ser constrangedora. Após a Prefeitura anunciar um acordo de cooperação técnica com Macaé, voltado à questão do petróleo, a Secretaria Estadual da Mineração apressou-se em divulgar uma parceria com a Secretaria de Energia e Economia do Mar, do Rio de Janeiro. Coincidência ou tentativa desesperada de copiar sem inovar?
O fato é que, se o governador Clécio seguisse o exemplo do prefeito Furlan — entregando obras no prazo, priorizando os interesses do povo e estabelecendo parcerias com a gestão municipal, que atende 60% da população do Estado — tanto Macapá quanto o Amapá estariam em situação bem diferente. Infelizmente, o Amapá segue estagnado, governado por um grupo que há quatro décadas promete, mas não cumpre.
Governo tirou a obra da Orla do Aturiá das mãos da prefeitura e também não entregou. População sofre os prejuízos.
Quem não fez em 40 anos, dificilmente fará agora. O povo não pode mais entregar uma nova carta branca a quem prefere investir na Mangueira do Rio, em vez de entregar obras no próprio estado. Se for para dar uma chance, que seja a quem já está transformando Macapá — e pode fazer o mesmo pelo Amapá. O estado precisa, com urgência, de quem o ame, não de quem o explore. Para isso, já basta a França, a Europa — e os políticos brasileiros que adoram estar por lá.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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