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 imprensa culpada

A grande imprensa brasileira é a fiel na balança e será culpada se esse regime autoritário no Brasil não tiver fim.

Esta semana, o Dep. Fed. Nicolas Ferreira deixou escapar, numa coletiva na Câmara, uma palavra que traduz o sentimento da maioria dos brasileiros em relação à maioria dos jornalistas: “seu idiota”. Na verdade, esse adjetivo é o mais respeitoso diante do atual contexto. Eu incluiria covarde, cínico, amoral, e alguns já se encaixariam, inclusive, na lista de criminosos.

Usaram a liberdade de expressão que tinham para destruir vidas — seja a de pessoas simples e anônimas, como a maioria dos presos do 8 de Janeiro, ou a do maior líder que o país já teve: Jair Bolsonaro.

Os jornalistas não se importaram com a censura feita por Moraes à revista Crusoé em 2019, por uma reportagem que citava parte da delação premiada de Marcelo Odebrecht, durante as investigações da Operação Lava Jato. Marcelo Odebrecht usou a expressão “o amigo do amigo do meu pai” em um e-mail para se referir ao então ministro do STF, Toffoli, que na época era diretor jurídico da construtora.

Jornalistas desonestos, que seguiram suas vidas sem se importar com esse processo ilegal — aberto e mantido até hoje — em que Moraes inclui quem quiser, quando quiser, pelo motivo que quiser.

Jornalistas insensíveis, que aplaudiram a prisão do deputado federal Daniel Silveira por sua fala, mesmo sabendo que ele era amparado pela Constituição. Jornalistas que aceitaram e validaram a derrubada do perdão concedido por Bolsonaro, usando de sua atribuição legítima e legal como Presidente da República.

Jornalistas hipócritas, que normalizaram a censura nas redes sociais e comentaram como virtude as tentativas de regulá-las, com uma desonestidade sem tamanho, já que sabem que a internet não é terra sem lei. Criminalizar as empresas pelo que os usuários publicam é como criminalizar o carteiro pelo conteúdo da carta — algo completamente insano, mas tratado com normalidade pela imprensa.

Jornalistas inescrupulosos, que insistem em chamar o 8 de Janeiro de golpe e tentativa de derrubar o Estado Democrático de Direito, mesmo sabendo que aquilo não passou de depredação de patrimônio público — e ainda assim, numa versão mais suave do que as praticadas dezenas de vezes pela esquerda e seus tentáculos, como o MST.

Jornalistas desumanos, que viram pessoas sem foro privilegiado sendo julgadas e condenadas em massa pela Suprema Corte. Muitas delas idosas, sem antecedentes criminais. Eles foram cúmplices não apenas da censura, mas da perseguição e da tortura, aplicada exclusivamente a pessoas do espectro da direita.

Eles conseguiram fazer pautas, entrevistas, reportagens, matérias para validar a tal “trama golpista”, mesmo sabendo que ela nunca aconteceu — e que, ainda que alguém um dia pense ou planeje algo dessa magnitude, planejamento não é crime, tanto quanto pensar também não é.

Jornalistas cínicos, que tratam com naturalidade o Brasil ser governado por um condenado em três instâncias, libertado por causa de um CEP, não por ter provado sua inocência.

Jornalistas canalhas, que se sensibilizam com o filme “Ainda Estou Aqui”, mas não estão nem aí para os presos e exilados políticos do presente, e muito menos citam Clezão, uma das vítimas fatais dessa tortura e coleção de ilegalidades.

Jornalistas indiferentes, que não se importaram com o fechamento do canal Terça Livre, com a vida de jornalistas como Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, que tiveram que sair do país para continuarem livres e poderem exercer sua profissão. Pelo contrário: suas manchetes e comentários apoiaram a extradição e a prisão de ambos.

Jornalistas mercenários, que ignoraram os inúmeros escândalos do atual governo por causa dos recursos estatais que lhes garantem seus altos salários.

Jornalistas que conseguem transformar o estúdio em um espetáculo circense, com práticas abomináveis de tudo aquilo que não é jornalismo.

Jornalistas dissimulados, que entrevistaram o ministro Alexandre de Moraes — que é, ao mesmo tempo, juiz, réu, acusador e detentor de poder de polícia — sem que isso cause qualquer constrangimento, mesmo conhecendo o básico do Direito e sabendo o quão absurdo isso é.

Jornalistas que criminalizam as forças de segurança e canonizam criminosos. Que acham normal ministros da Suprema Corte subirem o morro para dialogar com facções criminosas, ou impedirem a polícia de atuar, para que o crime nas favelas do Rio de Janeiro siga à vontade.

Jornalistas que não são dignos de carregar esse nome, que envergonham a classe, que seguem pautas desconectadas da realidade e que há muito tempo não refletem nem repercutem a voz da sociedade.

Jornalistas que criam realidades que sabem que não existem e que são comprometidos com ideologias, não com a verdade.

Jornalistas que poderiam ter evitado o atual caos institucional se tivessem cumprido seu papel, exercendo tecnicamente essa profissão tão importante — que já foi responsável por impedir uma ditadura, mas que hoje se tornou a principal responsável por implantá-la.

Jornalistas que propagam o ódio e a mentira que dizem combater. Que são os piores prostitutos do sistema, porque são os seres falantes capazes de manipular a opinião pública a ponto de ela agradecer ao Estado por lhe tirar tudo: a dignidade, o emprego, a segurança e a liberdade.

A esses jornalistas, chamá-los de idiota é até elogio. A canalhice deles atingiu o ápice e, agora, numa semana de choque de realidade, com seis anos de atraso, não basta dizer “oh, que horror, o ministro Alexandre de Moraes foi longe demais”, quando vocês foram junto com ele, validando todas as suas arbitrariedades e, de forma vil, afirmando que ele estava salvando a democracia.

Vocês são hoje, a escória da sociedade, e levarão muitos anos até que o estrago feito por vocês se dissipe. Até lá, não basta mudar o discurso como se vocês não tivessem nada a ver com isso. É preciso retratação pública.

Se essa ditadura vigente não acabar, saibam que o silêncio e o sangue de gerações jamais sairão de suas mãos. Porque vocês escolheram fazer do jornalismo o principal responsável por esse regime — um regime implantado de forma que uma parte da sociedade aplaudisse e outra parte, ao tentar reagir, fosse acusada de terrorista e golpista.

Vocês não apenas colaboraram com o regime — vocês inibiram o país de reagir a ele, colocando nos verdadeiros patriotas a pecha de criminosos, perigosos e extremistas que deveriam ser exterminados.

No fim, a liberdade de todos sumiu na velocidade da luz. E dizer “seus idiotas” nunca será suficiente para quem abriu a porta, pintou, escreveu, falou e dançou para a ditadura que ninguém sabe quando ou como terá fim.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

www.palavrasdeadrianagarcia.com

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