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 alcolumbre queda

Semana dificil para Davi Alcolumbre. O poder pelo poder tem seu preço e pode ser alto demais.

A semana não foi fácil para o brasileiro médio, jogado em uma guerra que não é sua. Foi uma semana de comemorações para idiotas úteis e de muita tensão para quem está no poder. E é sempre bom lembrar: ocupar o poder sem mérito real torna o preço dos riscos muito maior que qualquer vantagem. O poder pelo poder é frágil, instável, e quem está experimentando isso na pele é o amapaense Davi Alcolumbre.

O jogo do poder produz dois tipos de adrenalina: o medo que você provoca e o medo que sente de quem tem mais poder que você. Alcolumbre, hoje, vive os dois.

Ele é um dos principais responsáveis pela crise institucional e jurídica que atravessamos. Em 2019, teve nas mãos a chance de conter os arroubos autoritários do ministro Alexandre de Moraes, votando seu impeachment. Não o fez. Por quê? Talvez, cedo ou tarde, saberemos. Mas é curioso notar: Rodrigo Pacheco teve o visto dos EUA suspenso, enquanto Alcolumbre não. Se o motivo é a conivência com o STF, por que a diferença? Talvez porque, como bom estrategista, Trump esteja dando a Alcolumbre uma última chance de se redimir. A dúvida que paira é: o que ele fará com ela?

Na mesma semana em que as pesquisas apontam o crescimento do Dr. Furlan e sua força para vencer no primeiro turno e eleger dois senadores pelo Amapá em 2026, um recado claro chegou a Alcolumbre — um recado que deve ter lhe causado tontura.

Como explicar que o lado que reúne Waldez (ministro de Lula), Randolfe (líder do governo no Congresso) e o próprio Lula seja justamente o mais rejeitado pela população? O que antes representava força política agora se transforma em prejuízo eleitoral. Clécio, o governador sem identidade própria e criatura política de Alcolumbre, amarga míseros 24% nas intenções de voto, mesmo com a máquina pública em mãos e declaradamente lulista.

Esse "grupo da harmonia" parece personagem de filme de caça ao tesouro: depois de anos perseguindo o poder, morre abraçado com ele. Têm muito poder, mas quase nenhuma importância nos corações e mentes do povo — cansado da mesmice, da encenação, da velha política.

O poder pelo poder não forma eleitores. Forma súditos. Reféns. E o custo desse tipo de poder sobe a cada dia. Em breve, será impagável. Para se ter ideia, em Macapá, o voto para vereador já chegou a custar R$ 400 nas últimas eleições. Mas esse modelo apodreceu por dentro. Implodiu.

Há quem tenha poder, mas nenhuma autoridade. E há quem tenha autoridade, mesmo sem o poder. O que estamos presenciando no Amapá é o nascimento de uma liderança que já tem poder de governador mesmo sendo só um prefeito, mas cuja autoridade cresce a cada dia e deve se concretizar em 2026. Quando ela se completar, e vier acompanhada da aprovação popular que ele já tem, poderá transformar o Amapá de uma vez por todas.

Já aqueles que se gabavam de todo poder, estão prestes a perder a autoridade — e há muito já perderam o povo. Porque tudo passa. Até o mal. Há tempo para tudo. E o tempo desse tipo de político está no fim.

Mas o vexame de Alcolumbre não se limita ao Amapá. Em Brasília, ele também perdeu a moral. Alexandre de Moraes faz o que quis com o Congresso, aquele mesmo que Alcolumbre se gaba de presidir. Do topo do seu poder institucional, nasce sua completa humilhação e inutilidade. Por sua omissão, um poder inteiro perdeu o respeito e a razão de existir.

E, como se não bastasse, veio a cereja do bolo: com uma única canetada, Moraes manteve o IOF — que destrói a economia nacional — e, agora, um tarifaço dos EUA de 50%.  Tudo isso poderia ter sido evitado se Alcolumbre tivesse agido: votado a anistia do 8 de janeiro, enfrentado os pedidos de impeachment de ministros.

Mas o que ele faz? Prefere ir aos Estados Unidos tentar "resolver" com Trump. O mesmo Trump que encarou o STF no lugar de Alcolumbre e agora está cobrando a conta. Irônico, não? Ele não enfrenta o IOF, que é de sua inteira responsabilidade, mas quer "resolver" o tarifaço falando com Trump.

Deveria, no mínimo, se poupar da humilhação. Votar a anistia seria um caminho mais digno e eficaz. Seria um gesto que desmontaria o tarifaço de forma indireta e sem precisar bater na porta da Casa Branca, onde será tratado como o que é: alguém que, por sua inação, insignificante.

Só que o pior ainda estava por vir: a suspensão do visto de ministros, seus familiares, e de um senador em especial — Rodrigo Pacheco. Alcolumbre escapou, por enquanto. Mas, como se diz, escapou fedendo. E é só uma questão de tempo.

Ele evitou enfrentar o Supremo. Agora terá que lidar com Trump — que não está nem um pouco satisfeito por ter feito o trabalho que era de Alcolumbre. A queda é inevitável.

A escolha está posta: seguir como servo de Moraes e cair nas mãos de Trump, ou cumprir seu dever constitucional, abrir os processos engavetados desde 2019 e encarar Moraes. Nesse cenário, Trump se tornaria aliado — mas o STF, inimigo declarado.

Ele ainda pode escolher. Mas não escolher também será uma escolha. A suspensão de vistos é só o começo. Trump está punindo quem brinca de governar o Brasil enquanto abre caminho para ditadores e terroristas na América.

Os dias de glória sem responsabilidade acabaram. Agora, resta encarar as consequências. Trump já desarticulou bombas nucleares no Irã. Alcolumbre deve ter alguma noção do que isso significa.

Talvez ainda haja tempo para tentar terminar a carreira política como um herói tardio. A outra opção é sair de cena como um covarde de primeira e de última hora.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

www.palavrasdeadrianagarcia.com

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