7 pessoas acabaram morrendo em operação da PM em Macapá-AP, na madrugada de domingo, 04.
Primeiro, eu quero deixar claro que este é um artigo de opinião e não visa cobrir o que aconteceu, de fato. Até porque ainda há muito para ser esclarecido. Meu intuito é refletir sobre a repercussão do caso e como uma dor legítima pode se transformar em um julgamento sumário, colocando a Polícia Militar no banco dos réus, o que só beneficia o crime. É possível que o julgamento da sociedade, a vitimize ainda mais, caso ela escolha desacreditar das forças policiais.
Lamento pelas sete mães que choram a morte de seus filhos, independentemente de quem eram ou o que faziam. Se eram inocentes ou não. A dor de uma mãe não se altera em face das atitudes de um filho quando este parte.
Quando não se sabe o que realmente aconteceu, é melhor não se manifestar, precipitadamente. Dar tempo ao tempo e deixar a poeira sentar, ajuda.Mas fica uma reflexão: Quantos inocentes são mortos TODOS OS DIAS por bandidos e não há essa comoção toda? Se havia inocentes naquele veículo, eram tão inocentes quanto centenas e milhares de outros vitimados por culpados, foragidos, jovens com a ficha criminal corrida.
Quantas vidas são ceifadas por causa do tráfico de drogas, das facções e não há essa repercussão porque não foi um policial que atirou? Precisamos colocar o mesmo peso, pelo menos, para sermos justos. Em tese, o bandido atira para matar inocentes e o policial atira para proteger inocentes.
"Ah, mas a polícia é paga pelo Estado para proteger, e não para matar". Só que existem situações em que matar é proteger. Há momentos em que escolhas precisam ser feitas, e rápido. A mesma polícia que pagamos para não matar, pagamos para que ela evite que bandidos nos matem.
Não é uma missão fácil. Denegrir a imagem dos policiais por causa de uma ação, só melhora a vida de uma classe: a dos bandidos.
Se está ruim com os policiais, pior ficaria na ausência deles. Pagamos para que eles se preparem exatamente para esses momentos e encontrem uma saída com menor dano. E é bom deixar claro que os danos, grandes ou pequenos, não são originados e nem provocados pelos policiais, mas sim pelos criminosos. De uma forma ou de outra, inocentes sempre morrem todos os dias, e a grande maioria deles não são vitimas de policiais. São vítimas de bandidos! E para estes, há um monte de direitos e até Ministro de Suprema Corte para livrar suas caras. Se a sociedade também escolher esse caminho, vai se arrepender da graça e pagará com a própria vida. Se é que já não está pagando.
Quando a sociedade criminaliza o policial no exercício da profissão, este passa a não ver motivos para exercê-la. Então, para evitar esse assassinato de reputação, e até mesmo para não renponder a processos com chances de ser preso, por ter feito o seu dever, há duas alternativas: ou ele se omite em serviço e faz de conta que trabalha, ou ele se alia ao crime que tem a proteção, inclusive jurídica que, muitas vezes, ele não tem. Muitos vão para o lado de lá, seja por falta de caráter, seja por ter cansado de prender e a justiça soltar.
Eu espero que aconteça no Brasil o que aconteceu em El Salvador e que um "Bukele" coloque ordem na casa, a sociedade volte a temer as punições, e o crime volte a ser tratado como tal. A impunidade é a porteira aberta para todo tipo de destruição e violência. Enquanto ela existir, haverá muitos inocentes mortos, e a grande maioria não será pelas mãos de policiais.
Numa operação policial, conseguimos saber quantos a polícia matou, mas jamais conseguiremos ter a dimensão de quantos a polícia salvou com essa intervenção. Saibamos fazer as duas coisas. Lamentar as mortes sem criminalizar a polícia. Isso é tiro no pé. É um recado da sociedade que ela não dará conta de arcar com os resultados!
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia