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 escandalo

 Um país que não se indigna com tantas injustiças, merece um futuro de injustiças. Por que o povo não reaje?

Um país que desaprendeu a reagir

Estou assistindo, estupefata, a um Brasil que perdeu a capacidade de se indignar com injustiças. E estas aumentam exponencialmente todos os dias! Lembro da época de Bolsonaro, quando o Flávio vendeu um apartamento, recebeu em dinheiro vivo e só esse “dinheiro vivo” já foi motivo de matéria no Fantástico. Quando quebraram o sigilo bancário dele, descobriram dezenas de depósitos de mil reais e algo considerado ainda mais grave: depósitos feitos seguidamente, com diferença de segundos. Oh, céus! Que escândalo! Ele tinha que guardar o dinheiro no colchão, é? Tudo era escândalo.

Hoje, os que antes se escandalizavam com o filho do Bolsonaro já esqueceram mensalão, petrolão, dinheiro na cueca, em malas em apartamento… esqueceram os verdadeiros escândalos.

A memória curta diante de rombos bilionários

Mas nem a memória recente de muitos brasileiros está funcionando. Não se importam com o rombo nas aposentadorias dos idosos, não veem o desastre do Banco Master que, entre outros prejuízos, afeta diretamente os fundos de aposentadoria dos funcionários do Amapá e do Rio de Janeiro.

Enquanto o sigilo bancário do Flávio foi quebrado para provar absolutamente nada — que a imprensa conseguiu transformar em tudo —, o ministro Toffoli colocou sigilo absoluto no caso Master, trouxe o processo para o STF julgar, mesmo o Daniel Vorcaro não tendo foro privilegiado, e este já está em casa desfrutando do luxo fruto de roubos bilionários. E o Toffoli ainda viajou de jatinho com um dos advogados do caso. Tudo “normal”, né?

Os privilégios do topo e a letargia da base

Para a situação ficar ainda mais esdrúxula, a esposa do ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes recebeu, em honorários, 129 milhões de reais. Parece que ser esposa de ministro do STF é a profissão mais rentável do Brasil de hoje. Os escândalos reais, com cifras astronômicas e que atingem diretamente o bolso de cada brasileiro honesto e pagador de impostos, não param de pipocar, mas a sociedade parece em letargia. Não consegue se indignar com mais nada. Está tudo dominado pelo crime — seja na esquina de casa, seja nos bancos, seja nos tribunais.

O colapso das instituições

Parece que não há perspectivas no horizonte. Não existe mais poder Legislativo; o Executivo está depenando os cofres públicos; e o Judiciário está validando tudo isso. Quem reclamar vai preso — e, no máximo, os poderosos aplicam uma dosimetria porque são “bonzinhos”.

Eleições, controle e falta de reação popular

Não se sabe como haverá eleições em 2026 sem voto auditável e com um Judiciário atento para perseguir e tornar inelegíveis candidatos de oposição. Faz tempo que a urna é para fazer de conta e, agora, só podem entrar nela os nomes previamente decididos pelo tribunal. Até os partidos políticos estão reféns. Que bela democracia esta, hein?

Mesmo com esse cenário, a maioria das pessoas não reage. Lembra quando o povo parou o Brasil por causa de centavos na passagem de ônibus? Hoje estão assaltando o cofre do país e parece que não é conosco, que não é da nossa conta.

O preço da apatia

O que falta acontecer para o país entender que ou ele decide parar ou ele vai parar de qualquer jeito? Ou ele pára para pressionar, ou ele pára por nunca ter pressionado e acabar tendo de entregar os pontos. Quanto custa a sua dignidade, a sua liberdade? Por que tanta inércia diante de fatos tão graves? Quando o país perde a capacidade de se indignar com a injustiça que sofre e sequer planeja uma reação, ele já se rendeu — e merece todas elas.

Quem ainda luta

No universo de brasileiros, o único grupo que está indignado e ainda disposto a lutar pelo país é o bolsonarista. E, por isso, é o único perseguido e até criminalizado. Ser bolsonarista hoje é ter orgulho de ainda sentir vergonha do erro, de ainda acreditar em milagres, de ainda acreditar no trabalho e de não se acovardar diante de ameaças e pressões.

Pode ser que não tenhamos êxito, mas eu não quero olhar para trás e perceber que, em algum momento, fui insensível e conivente com tanta injustiça que está enterrando o meu país na lama.

 

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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