prisoes

Qualquer pessoa que defenda que ainda estamos numa democracia, está mentindo.

A fúria de um Judiciário dominado por militantes partidários acumula centenas de prisões ilegais e escancara ao mundo o fim da já combalida democracia brasileira. Este verdadeiro atentado ao Estado de Direito ocorre diante da inércia do Congresso Nacional, tornando-o cúmplice, enquanto a grande imprensa — ainda com audiência de parte da população — atua como incentivadora ou agente direta da censura.

Para silenciar de vez a multidão que recebe e compartilha informações pelas redes sociais sem controle estatal, a legalização da censura tornou-se prioridade para esse novo regime. Em meio a essa escalada autoritária, declarações como a do Ministro Gilmar Mendes, admitindo a admiração de todos os membros do STF pelo regime chinês, revelam o abismo em que o Brasil se encontra.

A perseguição começou com Daniel Silveira, ainda hoje mantido em regime semiaberto. Prosseguiu com a caça a jornalistas obrigados a buscar refúgio no exterior e culminou nos eventos de 8 de janeiro, quando moradores de rua, cabeleireiras, donas de casas e idosos foram presos sob acusações genéricas de tentativa de golpe de Estado, sem direito à defesa, individualização das penas ou o devido processo legal — tudo sob o silêncio ensurdecedor da OAB.

A lista de perseguidos inclui também o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, detido com base num rascunho mal escrito encontrado em sua casa — apresentado como prova inequívoca de um golpe. A repressão prosseguiu com a prisão de Mauro Cid e de militares, como Braga Netto, candidato a vice-presidente em 2022 ao lado de Bolsonaro.

Não bastou libertar um condenado por corrupção em três instâncias — inclusive pela própria Suprema Corte — e conduzir um processo eleitoral descaradamente parcial para colocá-lo de volta na presidência. Foi preciso tornar Bolsonaro inelegível e, agora, mira-se sua prisão. Para alguns, o plano ideal seria outro: tê-lo eliminado, como tentou Adélio Bispo em 2018, protegido pelos advogados mais caros do país. Até hoje, esse caso não foi devidamente esclarecido.

Coincidentemente — ou não — o delegado que atuou no caso foi premiado no atual governo. Nada mais parece surpreender o brasileiro, que vive da esperança, sem saber de onde ela pode vir. Da corte internacional? Dos Estados Unidos? Seguimos à deriva, pagando altos salários a parlamentares que, ao invés de nos representar, se mostram calados, cúmplices ou acuados — temendo serem presos por nada terem feito. Apenas por tentarem cumprir o papel para o qual foram eleitos e são bem remunerados.

A sentença contra Bolsonaro parece escrita antes mesmo de sua denúncia. O verdadeiro golpe foi orquestrado por quem se diz seu combatente. A ditadura, imposta por aqueles que alegam ter salvo a democracia, vem calando cruelmente uma parcela expressiva da população. As práticas de tortura psicológica e jurídica superam, em todos os aspectos, os abusos do passado — fazendo com que as ações do regime militar pareçam brandas.

A censura atual não se restringe a trechos, mas elimina veículos inteiros, banindo páginas, fechando revistas, desmonetizando redes sociais — com aplausos daqueles que, outrora, cantavam contra a censura. O grito de “sem anistia”, agora dirigido a inocentes, é entoado por criminosos outrora perdoados. Uma parte da elite intelectualizada mostra-se incapaz de ter compaixão, coerência ou humanidade.

Diversos brasileiros já perderam a vida pelas mãos desse Estado autoritário, liderado por alguém que se vê acima da lei. O Brasil caminha para se tornar uma nova Venezuela ou Cuba. A diferença? Nosso território continental atrasa a implantação da ditadura — mas ela avança. A federalização das polícias, em trâmite urgente, é um sinal.

Um país que criminaliza piadas já falhou enquanto Estado. Restou a nação e seu povo, que ainda respira e resiste, mesmo sem as mesmas armas. Com um Judiciário cúmplice ou aliado de criminosos, com um Congresso parcialmente refém dos favores judiciais e com um Executivo liderado por um condenado, cuja vitória foi celebrada em presídios por todo o país, o que esperar da centralização total do poder sobre as forças armadas e policiais?

A resposta é sombria: polícia e Exército contra o povo. Caso essas instituições se recusem a obedecer ordens ilegítimas, o risco de guerra civil é real. Já existe um Estado paralelo, fortalecido por decisões judiciais que libertam criminosos perigosos e reprimem cidadãos inocentes com penas desproporcionais — como no caso daquela mãe condenada a 14 anos de prisão por pichar uma estátua com batom.

A criminalização da polícia e o estímulo ao crime organizado — com penas frouxas e impunidade institucionalizada — já são sinais visíveis do processo de destruição interna. O objetivo? Desmantelar o país por completo. Não há espaço para comunismo em países prósperos — por isso é necessário criar miséria, ignorância e desesperança. A frase que Bolsonaro tantas vezes repetiu se torna profética: “O povo é destruído por falta de conhecimento”.

Enquanto Israel reage contra o Irã, em legítima defesa contra décadas de ataques, a TV estatal Globo dedica horas à cobertura de mais uma prisão arbitrária — desta vez a de Gilson Machado, por suposta tentativa de tirar passaporte para Mauro Cid. Este jornalismo militante ultrapassou todos os limites da ética, atuando como braço ideológico do sistema.

A destruição de um país exige a cumplicidade da imprensa. E é o que testemunhamos. A verdade poderia libertar; a mentira e a meia-verdade — também mentira — estão destruindo. Escondem o rombo do INSS, a falência econômica sob Haddad, a ameaça à soberania nacional com a criminalização do agronegócio e o abandono da exploração do petróleo na Margem Equatorial. Os acordos internacionais defendem tudo, menos o Brasil.

Sem a verdade, o brasileiro não reage. Sente-se louco, sem esperança, paralisado diante da incoerência entre o que vê e o que ouve. A urgência em nos calar e escravizar, entregando a nação — já fatiada ao longo de décadas por leis ambientais absurdas — revela o único lado ainda capaz de resistir: o povo consciente.

É hora de homens e mulheres de coragem se levantarem. O sonho de sermos uma grande nação já dura 500 anos. Quando finalmente houve alguém disposto a lutar por ela, todos os canhões se voltaram contra ele e os que o apoiam.

Não querem destruir Bolsonaro. Querem destruir o Brasil — e ele apenas está no caminho. Se não surgirem outros patriotas capazes de unir forças além das diferenças, o futuro será de terra arrasada. Um país-continente sem muros, saqueado por dentro e por fora, onde se criminaliza quem defende as riquezas nacionais e se protege quem nos explora. Estamos diante de uma escolha: rendição ou redenção. E a decisão cabe a cada um de nós.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

Anuncie onde você encontra conteúdo de valor

www.palavrasdeadrianagarcia.com

 

prefeitura_macapa_2
prefeitura_macapa_1