Locutor conhecido como Fabuloso coleciona intimações de processos movidos pelo Governador do Amapá, por criticar sua gestão.

O conhecido locutor e comunicador Jonatas Fabuloso, figura popular em Macapá, usou suas redes sociais para denunciar que vem sendo alvo de processos judiciais movidos pelo governador do Amapá, Clécio Luís, em decorrência de críticas públicas à sua gestão.

Em um vídeo que rapidamente viralizou, Fabuloso relatou que nunca enfrentou situação semelhante, mesmo após anos fazendo críticas contundentes a outros gestores estaduais. “Fui crítico do Waldez, do Capi, do Camilo, e nunca recebi uma intimação. Agora, com Clécio, estou colecionando intimações por exercer meu direito de cobrar promessas não cumpridas”, afirmou.

Promessa feita e não cumprida é um dos motivos das críticas. Ao invés de cumprir, o governador prefere calar quem lhe cobra.

Para o comunicador, o governador deveria responder às críticas com ações concretas e trabalho, em vez de tentar intimidar cidadãos por meio do Judiciário. “Tenho 39 anos, estou na política desde os 16, e nunca vi um governador tão incomodado com a crítica. Em vez de estar visitando obras ou fiscalizando, está processando quem o critica”, disparou.

Fabuloso também alertou seus seguidores sobre o que considera um esquema de vigilância promovido pela equipe do governo. “Se você compartilha algo contra o Clécio, cuidado. Ele tem uma equipe de olho no WhatsApp, Instagram, Facebook, X e TikTok. Estão monitorando tudo, pegando endereço, telefone. Se usassem essa energia para entregar as 140 obras prometidas em 2024, eu não teria o que criticar.”

Em sua fala, o locutor dirigiu-se diretamente ao governador: “Eu tenho o direito de cobrar e vou continuar cobrando. Não o desrespeito, não falo da sua honra. Critico sua péssima gestão. Pare de tentar intimidar as pessoas e vá trabalhar.”

Jonatas Fabuloso também divulgou trecho de uma audiência judicial por video  na qual foi citado por criticar a situação da Maternidade estadual, que está sob a responsabilidade direta do governo. Segundo ele, a crítica foi feita após a veiculação de uma reportagem local sobre a morte de uma mãe e um bebê. “Isso foi notícia, é fato. Eu apenas comentei o que todos estavam cobrando: uma resposta do governo. Não compartilho fake news.”

"Governador foi eleito para receber elogios e críticas", disse Fabuloso durante audiência virtual.

O comunicador ainda relatou que muitas pessoas têm medo de se manifestar contra o governador por receio de também serem processadas. “As pessoas estão com medo de se expressar. E isso é perigoso. Critico a situação da JP, do HE, do HCAL, da BR-156 e das obras não entregues. Essas críticas são baseadas em promessas feitas por ele mesmo.”

A escalada de processos judiciais contra críticos do governo levanta um alerta sobre o risco à liberdade de expressão no estado. A Constituição Federal garante o direito à crítica e à cobrança de transparência e cumprimento de promessas por parte de gestores públicos. A judicialização da crítica política, especialmente quando feita por cidadãos comuns, é um atentado ao regime democrático.

Clécio Luís é aliado de Lula, que já declarou a intenção e pressa de regulamentar as redes sociais no Brasil. Para muitos, essa sinalização serve de respaldo para práticas que, na verdade, funcionam como mecanismos de censura. Enquanto a censura legalizada não vem, usam o Judiciário como ferramenta para silenciar. Se continuar assim, o slogan do governo Clécio, ao invés de "trabalhando pelo Amapá inteiro" será "processando o Amapá inteiro’.

Em pesquisas de intenção de votos, o atual governador Clécio perde para o Prefeito da capital, Dr. Furlan, que nem mesmo anunciou candidatura. Essa falta de popularidade, junto com a falta de entrega do que prometeu e obras paradas ou executadas de forma muito lenta, acabam gerando insatisfação e criticas que a gestão estadual parece querer criminalizar. Lamentável postura no jogo que deveria ser democrático e onde a crítica da população deveria ser respondida pela gestão com trabalho e não com processo judicial e perseguição.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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