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Governador do Amapá recebeu com honras embaixador do Irã e mostrou o potencial do Estado, inclusive mineral.

Em agosto de 2024, o governador do Amapá, Clécio Luis, recebeu no Palácio do Setentrião o embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam. A visita teve como objetivo tratar de possíveis parcerias e oportunidades de negócios entre o estado e o país do Oriente Médio.

Durante entrevista à TV Equinócio, Clécio destacou que o encontro abordou temas de interesse mútuo, como alimentos, agricultura, logística, fertilizantes, mineração e conservação florestal. Segundo o governador, o Irã demonstra forte interesse nessas áreas, que coincidem com as potencialidades do Amapá.

Clécio fez questão de frisar a hospitalidade com que o embaixador e sua comitiva foram recebidos durante os três dias em que permaneceram no estado, período em que conheceram de perto as riquezas naturais e estruturais do Amapá, além de discutirem possibilidades concretas de cooperação econômica.

O embaixador Abdollah Nekounam agradeceu a recepção e destacou a relevância dos temas debatidos. Em suas palavras:
“Como tudo está acontecendo no Hemisfério Sul, percebo que a região norte do Brasil tem uma visão estratégica dentro desse contexto. Por isso, estamos interessados em cooperar e trabalhar em conjunto com este estado. Esperamos, com a colaboração do governador, alcançar os objetivos traçados e concretizar os assuntos discutidos.”

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O Estado que há 20 anos teve seu urânio contrabandeado, inclusive com destino ao grupo terrorista Hamas

Se, ao mencionar o Hemisfério Sul, o embaixador se referia ao conceito do "Sul Global", é importante ressaltar que esse termo vai além da geografia. Ele representa um grupo de países com desafios e características semelhantes, marcados por desigualdades históricas e por uma posição marginal nas relações de poder globais — substituindo expressões como “terceiro mundo” ou “países subdesenvolvidos”. É a visão da perpetuação do Brasil como eterno fornecedor de matéria-prima e como dependente, em muitos aspectos, de outros países, enquanto tem dentro de seu território, tudo que precisa.

A visita de representantes internacionais ao Amapá está alinhada com uma política pública estabelecida em janeiro de 2023, quando o governo estadual criou a Secretaria de Estado das Relações Internacionais e Comércio Exterior. A iniciativa visa fortalecer os laços diplomáticos e atrair investimentos para o estado.

Contudo, essa aproximação com o Irã, em um contexto internacional tenso marcado pelo conflito com Israel e acusações de financiamento ao terrorismo, levanta preocupações diplomáticas. O Irã, que mantém uma postura hostil em relação a Israel e é suspeito de ambições nucleares, desperta desconfiança em setores que defendem a manutenção de relações sólidas com democracias ocidentais, como os Estados Unidos e Israel.

O fato de o governador Clécio ter mencionado explicitamente o interesse iraniano no setor mineral do Amapá acende um sinal de alerta. Em 2006, uma operação da Polícia Federal revelou contrabando de grande quantidade de urânio no estado, inclusive com suspeitas de destino a grupos terroristas como o Hamas. Hoje, diferentemente daquela época, a negociação dessas riquezas minerais parece estar acontecendo de forma oficial e institucionalizada, o que amplia o debate sobre os limites da soberania nacional em áreas estratégicas.

Considerando que Clécio Luis é aliado próximo do presidente Lula, teme-se que a crescente aproximação entre o governo brasileiro e o regime iraniano esteja abrindo espaço para acordos que podem comprometer a reputação internacional do Brasil, afastando-o de vez de nações democráticas e estratégicas.

O Amapá, apesar de seu imenso potencial agrícola e mineral, ainda enfrenta grandes desafios estruturais. É um estado onde a população encontra dificuldades até para acessar determinadas regiões do próprio território, onde o agronegócio é incipiente, e onde muitos investidores nacionais desistiram de projetos devido à insegurança jurídica, à burocracia excessiva e a impasses ambientais. Paradoxalmente, representantes de regimes autoritários como o do Irã são recebidos com todas as honras, enquanto brasileiros enfrentam barreiras para explorar e investir no próprio solo.

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Em 2024, embaixador do Irã e comitiva passaram 3 dias conhecendo os potenciais do Estado que a população local não conhece.

É legítimo questionar: diante do cenário internacional atual, a abertura do Amapá a países com histórico de envolvimento em conflitos e atividades suspeitas deve ser celebrada como avanço diplomático ou encarada com preocupação? Num momento em que as riquezas minerais da região podem ser matéria-prima para guerras — inclusive de caráter econômico — o fácil acesso estrangeiro a esses recursos impõe um debate urgente sobre soberania e segurança nacional.

O Brasil não precisa mais ser invadido: foi, aos poucos, dominado por interesses externos. O que antes entrava pela janela, agora adentra pela porta da frente, com tapete vermelho, recepções palacianas e honras oficiais. A postura do atual governo, tanto federal quanto estadual, revela-se subserviente a interesses estrangeiros — ora seduzido por líderes europeus como Emmanuel Macron, ora por regimes que mantêm conexões com grupos extremistas.

Abraçar esses interesses pode significar abrir mão de um futuro autossuficiente, livre e verdadeiramente soberano. É o momento de refletir se o caminho adotado nos levará à prosperidade ou à submissão.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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