Para Figueiredo, Moraes precisa sentir os efeitos da aplicação da Lei Magnitsky para dissuadir seus aliados a recuarem.
Durante uma live em seu canal, o jornalista Paulo Figueiredo afirmou que, para que haja uma ampliação dos alvos das sanções previstas pela Lei Magnitsky, é necessário que primeiro haja a plena e efetiva aplicação contra o ministro Alexandre de Moraes e seu círculo financeiro mais próximo. Segundo ele, esse processo já está em curso, mas Moraes e sua rede ainda não sentiram integralmente os efeitos da legislação.
Figueiredo citou a existência de um instituto fundado por Moraes e sua esposa, Viviane Barci, no início dos anos 2000: o Instituto Lex de Estudos Jurídicos. Após a nomeação de Moraes ao STF, a entidade passou a estar formalmente registrada apenas em nome de Viviane e dos três filhos do casal: Alexandre Júnior, Gabriela e Giuliana.
“Todo o patrimônio do Alexandre e da Viviane está nesse instituto. O ministro é multimilionário. O apartamento de R$ 25 milhões, declarado como residência dele, pertence ao Instituto. A sede do Instituto funciona no mesmo endereço do antigo escritório de advocacia de Moraes e que é onde funciona hoje o escritório da Viviane. Além disso, eles possuem uma mansão em Campos do Jordão e um apartamento no Guarujá. Os gringos já fizeram todo o levantamento”, afirmou Figueiredo.
Para o jornalista, não faz sentido sancionar outros nomes antes que Moraes sinta os efeitos diretos da Magnitsky.
“Para que essa lei tenha efeito dissuasivo, é preciso que os outros vejam o que aconteceu e não queiram repetir. Alexandre precisa ser o exemplo do que acontece quando alguém é sancionado pela Magnitsky. O foco deve ser na plena e efetiva aplicação contra ele”, destacou.
Processo lento e criterioso
Figueiredo descartou a ideia de que sanções possam ser aplicadas automaticamente, como se fosse possível sancionar, de forma imediata, os ministros que estão julgando Bolsonaro dependendo do voto de cada um deles. Ele explicou que o processo é lento, burocrático e altamente detalhista, envolvendo centenas de páginas de documentos, traduções e informações de diversas fontes.
“Estamos falando de um governo sério, que trabalha com profundidade. Cada caso exige investigação meticulosa, e isso leva tempo”, reforçou.
Apesar disso, ele acredita que novos alvos da Magnitsky devem surgir em breve, mesmo que não no ritmo que parte da população espera.
Cancelamento de vistos e efeitos morais
Outro ponto destacado pelo jornalista foi o impacto do cancelamento de vistos dos Estados Unidos contra pessoas ligadas a Moraes e a outros integrantes do governo. Ele mencionou nomes citados no depoimento de Tagliaferro em audiência na Comissão de Segurança Pública do Senado Federal esta semana e o advogado-geral da União, Jorge Messias.
“Não pode não haver consequências. O cancelamento de vistos tem um peso enorme para essa elite acostumada a viver nos EUA. Isso atinge não só a pessoa, mas também seus familiares. É um cartão amarelo poderoso, com efeitos muito mais duros do que o cidadão comum imagina”, disse.
Sanções como “tratamento contra o câncer”
Figueiredo comparou a aplicação das sanções internacionais a um tratamento de câncer. Para ele, o Brasil ainda tem tempo de reagir, diferentemente da Venezuela, onde, segundo ele, as medidas chegaram tarde demais.
“Sanção é como quimioterapia: tem efeitos colaterais, mas é necessária para salvar o paciente. O câncer são as ditaduras comunistas. O que Trump está fazendo é lutar contra o regime de Moraes no Brasil. Muitos reclamam da desaceleração da economia, mas esse remédio amargo é melhor do que ver o país morrer como aconteceu na Venezuela”, concluiu.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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