Silvia Waiapi

Parece que o slogan feminista não serve para todas as mulheres. A presença da Dep. Fed. pelo Amapá, Sílvia Waiãpi (PL) no evento que parou o planeta em Whashington gerou orgulho para quem conhece sua trajetória e acompanha o seu mandato. Mas gerou críticas justamente daqueles que dizem defender mulheres e indígenas. 

Essa postura é a prova de que não defendem ninguém. Apenas usam pessoas e inventam narrativas que só eles acreditam. 

Para os lacradores, com dores intensas de cotovelo, com uma inveja que não dá para ver no olhar, mas que se espalha com os dedos em comentários nas redes sociais, Sílvia jamais poderia sair da sua aldeia, do seu habitat, como se um animal enjaulado fosse. Aliás, a condição que essa ideologia dá para os indígenas é de animais irracionais. 

Mas essa mulher forte, teve que se descobrir assim ainda adolescente e entendeu que era gente como a gente. Decidiu escrever seu destino simplesmente procurando um lugar que é de todos, ou deveria. Foi para o Rio de Janeiro em busca de estudos, trabalho, oportunidade. Nada foi fácil para ela. Mas se era verdade que seu povo era o dono mais dono do Brasil, haveria de ter um lugar para este povo que não fosse à margem da cidadania. 

Nem ela imaginava que poderia ir tão longe, mas sempre se tornou uma meta pessoal quando alguém lhe dizia que ela não podia. E ela pôde, e ela pode e ela poderá. Esse é um empoderamento que ofende aqueles que querem ditar o destino dos povos indígenas e dizer por eles o que eles nunca disseram. 

Sua luta é para que seu povo que é um povo só, o brasileiro, tenha acesso ao que lhe é de direito, à dignidade que nunca chegou nos rincões desse gigante. A autonomia e o livre arbítrio que todo ser humano nasceu para ter. 

Deve ser mesmo muita ofensa ousar chegar onde se quer num país onde o povo é acostumado a ser subjugado e a não chegar a lugar nenhum. Viver, crescer e morrer sem decidir seu destino. 

Mas é um orgulho imenso para quem entendeu a essência do ser humano e o vê igual de verdade, sem cor, sem raça, sem nacionalidade. Que a história da Sílvia se misture com a  história do Brasil desse tempo e que, a partir de agora, o país chegue onde ele decidiu e quer chegar e nada o impeça disso. Não devemos ser subservientes a outros governos e planos. Devemos descobrir e seguir nosso próprio plano e destino. Estamos com 500 anos de atraso, mas essa mulher do norte, indígena, do povo que lutou para ser brasileiro, nos ensina com o seu exemplo, que ainda há tempo.

 

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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