Hoje, a oposição no Parlamento foi amordaçada. Que essa imagem não saia da memória de todos, pois é fato! Foto: Andrè Violatti
Mais de 50 deputados federais que abriram mão de seu recesso e compreenderam a gravidade da situação política e institucional do Brasil se deslocaram até Brasília para retomar os trabalhos em pelo menos duas comissões: a de Segurança Pública e a de Relações Exteriores (CREDN). Mesmo com quórum suficiente para a realização da reunião de uma das comissões, os parlamentares foram surpreendidos com o veto do presidente da Câmara, Hugo Motta, impedindo a realização de qualquer reunião nas dependências da Casa.
O veto, classificado como ilegal e antirregimental, gerou indignação entre os presentes. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, manifestou-se diante da imprensa, dos parlamentares e assessores, denunciando a gravidade da decisão:
“Hoje é mais um dia histórico na Câmara dos Deputados. Estamos aqui cancelando uma reunião com quórum, convocada pelo presidente da comissão. A outra não pôde ocorrer por falta de quórum. E temos uma decisão absolutamente ilegal, antirregimental, do presidente Hugo Motta.”
Sóstenes explicou a ilegalidade do ato:
“O presidente Hugo Motta não está no Brasil. Nem ele, nem o primeiro vice-presidente, Altineu Côrtes. Ambos estão em viagem ao exterior. O que diz o Regimento Interno da Casa? Que o presidente em exercício é o segundo vice-presidente, Elmar Nascimento.”
Apesar da flagrante irregularidade, os parlamentares da oposição optaram por cumprir a determinação para não alimentar narrativas distorcidas contra eles:
“Vocês podem perguntar: ‘E por que não fizemos a reunião?’ Porque nos acusam de radicais, de extremistas, de sermos os parlamentares do ódio. Mas hoje, todos esses abnegados colegas que aqui estão comigo deram uma demonstração clara ao Brasil de que a realidade é o oposto do que diz grande parte da mídia e de toda a esquerda. Nós nos submetemos até a uma decisão ilegal. Eu não sei até quando isso será tolerado.”
O deputado também elogiou a postura do presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Paulo Bilynskyj, pela sensibilidade ao contexto e pelo esforço em apelar até aos colegas divergentes, no sentido de acatar a decisão do presidente Hugo Motta.
“Todos nós, em solidariedade ao presidente Bilynskyj, entendemos a gravidade do momento e estamos dizendo ao Brasil: parem de nos chamar de radicais, parem de nos chamar de extremistas. Extremista é a esquerda que anda de braços dados com governos autoritários, que apoia terroristas e financia guerras. Isso sim é vergonhoso e coloca o Brasil na contramão do diálogo e da democracia.”
Sóstenes aproveitou para fazer um apelo direto à imprensa e ao povo brasileiro:
“Quando a imprensa vai, enfim, enxergar a verdade dos fatos? Até quando o Brasil vai pagar o preço por um governo ideológico, radical, que não governa para todos? O governo Lula governa apenas para seu gueto político. Seu radicalismo não permite o diálogo com quem pensa diferente. É por isso que o descondenado Lula não dialoga com Donald Trump, e é por isso que essa comissão, hoje, não conseguiu aprovar uma moção de louvor ao presidente Bolsonaro. Mas tenho certeza de que Paulo Bilynskyj, com todo respeito que tem por Hugo Motta, colocará isso em votação na primeira semana de agosto. Precisamos ecoar a voz de um homem que está sendo censurado.”
A deputada Silvia Waiãpi acompanhava a fala, com uma mordaça simbólica na boca, representando o silenciamento imposto aos parlamentares. Sóstenes destacou o gesto:
“Sabe como me sinto? Igual à deputada Silvia: amordaçado. Na casa que deveria ser a casa do povo. Este é o símbolo do que estamos vivendo. Estamos em recesso branco, mas aqui, querendo trabalhar pelo Brasil. Alertamos a imprensa e o país: não apaguem o gesto da deputada Silvia da memória de vocês. Estamos caminhando para um país onde a boca é vedada por aqueles que se julgam acima da lei, quando a Constituição diz que todos são iguais perante ela.”
Mesmo diante da obstrução, o deputado garantiu que os trabalhos seguirão nos bastidores:
“É lamentável não termos conseguido votar a moção de louvor ao presidente Bolsonaro. Mas tenho convicção de que a atitude errada de Hugo Motta não nos impedirá de continuar trabalhando. Em cada gabinete, em cada espaço, nós seguiremos firmes ao lado dos brasileiros de bem.”
Sóstenes finalizou agradecendo aos colegas presentes que deixaram o conforto do recesso e suas bases eleitorais para estarem em Brasília:
“Vamos continuar entrincheirados. Se pensam que vão nos intimidar, estão redondamente enganados. Vamos às ruas do Brasil. Brasileiros, agora é a hora. Ocupem as ruas, mostrem sua insatisfação. Já há convocação para o dia 3, mas antes disso já sabemos de manifestações espontâneas no sábado, no domingo e em todos os dias necessários. Vamos denunciar a censura e a violação do devido processo legal no caso do presidente Bolsonaro e também de colegas parlamentares.”
Sóstenes também deixou um alerta sobre o clima de medo generalizado: “Ontem, por volta das 20h, ao sair da Câmara, ouvi de jornalistas: ‘também temos medo de falar’. O dia em que for considerado normal viver num país onde jornalistas têm medo de se expressar e deputados têm medo de exercer seu mandato, isso não é democracia! Até quando os brasileiros continuarão cegos?”
Envergonhado com a atitude de Hugo Motta, Sóstenes reafirmou o apoio incondicional ao presidente Bolsonaro: “Hoje nos classificam como extrema-direita. Mas estamos aqui, obedecendo a uma ordem ilegal para mostrar que não somos radicais, que não somos golpistas, que temos respeito até por decisões injustas. Isso é vergonhoso. Mas nossa luta apenas começou. Parabéns a Paulo Bilynskyj e Felipe Barros. 2026 é logo ali. E nós vamos libertar o Brasil.”
A reunião terminou com um recado direto à população: é hora de reagir, de ir para as ruas e de entender que já estamos vivendo sob censura.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
www.palavrasdeadrianagarcia.com
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