ONG's investem bilhões para salvar fauna marinha e ignoram o homem que morre de fome na sua margem.
Este artigo é uma resposta direta à matéria publicada no site revistapb.com.br, intitulada:
“O MAR ESTÁ DOENTE. Ondas sonoras emitidas na busca por petróleo estão afetando o ecossistema costeiro da Amazônia.”
Confesso que foi um desafio enorme concluir a leitura. Não por conta da densidade técnica, mas pela falta de coerência e pela inversão de prioridades que ela representa. O patrocínio constante de ONGs e institutos estrangeiros para tentar impedir o desenvolvimento da Amazônia é uma ameaça à nossa soberania. Algo drástico precisa ser feito se ainda quisermos manter o mínimo de liberdade para decidir nosso próprio destino.
Bilhões de reais são investidos em pesquisas e estudos que demonstram extrema preocupação com baleias e golfinhos, como se na região não existissem seres humanos vivendo em condições sub-humanas. Ao mesmo tempo, há um movimento sutiu — mas poderoso — de comunicação estratégica: jornalistas pagos para “combater a desinformação” acabam se tornando porta-vozes exclusivos de uma narrativa supostamente científica, tratando qualquer questionamento como heresia.
Nesse processo, pesquisadores e jornalistas com outra visão — que enxergam no desenvolvimento sustentável uma oportunidade de transformar a vida humana sem ignorar o meio ambiente — são ridicularizados, silenciados e até criminalizados. A ciência deixa de ser plural e passa a servir a um único propósito ideológico.
A autora da matéria em questão é a jornalista Rudja Santos — a mesma que publicou uma reportagem no UOL tentando descredibilizar a deputada federal Silvia Waiãpi, invadindo sua vida privada em um claro caso de assassinato de reputação. Silvia defende a exploração de petróleo na margem equatorial, lutando por desenvolvimento social e econômico para o seu estado, sempre confrontando a visão ideológica de Marina Silva, do IBAMA e do ICMBio. Não por acaso, é alvo preferencial de matérias enviesadas. O jornalismo vira instrumento de retaliação.
A matéria também cita dados de pesquisadores vinculados ao Instituto Serrapilheira. Veja o trecho abaixo:
“Dados coletados pelos pesquisadores Marina Méga, Maria Napolitani e Iago Simões [...] mostram que a média anual de esforço pesqueiro aumentou de 17,63 h/km² em 2016 para 20,12 h/km² em 2024. Nas áreas de maior pressão, o salto foi de 184,72 para 273,09 h/km². Isso sugere que outras zonas já estão se esgotando ou que poucas áreas ainda mantêm estoques viáveis — um sinal clássico de que o sistema está à beira de um colapso pesqueiro.”
Pesquisando sobre o Instituto Serrapilheira, descobri que já investiu mais de R$ 100 milhões em ciência e comunicação. Um de seus rostos mais divulgados é o biólogo Átila Iamarino — aquele que, em 2020, previu um milhão de mortes por covid no Brasil, do inicio da pandemia em fevereiro, até o mês de agosto. Na realidade, naquele período, o Brasil contabilizava pouco mais de 70 mil óbitos. Alguém consegue imaginar o impacto psicológico causado por essa previsão catastrófica e irresponsável, que de ciência só tem o nome? Mesmo assim, o site do instituto ainda o descreve como uma das principais fontes de “informação confiável” durante a pandemia, exaltando sua participação na CPI da Covid.
Dito isso, cabe a você, leitor, decidir se acredita ou não nas conclusões alarmistas sobre colapso pesqueiro. Eu, sinceramente, não acreditaria.
Outro nome citado é Mariana Andrade, coordenadora da campanha de oceanos do Greenpeace Brasil — a mesma ONG que afirmou, em rede nacional, que existem corais na Foz do Amazonas, informação desmentida por cientistas que estudam a região há décadas. Veja um trecho da colaboração dela:
“O Greenpeace realizou duas grandes expedições à região [...] e lançou boias com GPS que chegaram rapidamente ao Suriname, Guiana Francesa e até à Flórida. Isso mostraria o risco de impactos transfronteiriços imediatos em caso de vazamento de óleo.”
Curioso é que o Greenpeace não mostra essa mesma preocupação com as águas da Guiana ou do Suriname, onde empresas como ExxonMobil já exploram petróleo sem qualquer protesto dessas ONGs.
Outro personagem da matéria é Michel André, engenheiro bioacústico francês e diretor da Universidade Técnica da Catalunha. Em 2014, ele fundou a "Sense of Silence", e realiza projetos na Amazônia que foram financiados pela Fundação Gordon e Betty Moore. Ele afirma:
“A principal fonte de impacto no oceano atualmente é o som [...] As ondas sonoras usadas na prospecção sísmica atingem 230 decibéis, causando estresse, surdez e até morte em cetáceos.”
Entendo o pesquisador, mas pergunto: será que ele conhece o estresse cotidiano das comunidades amazônicas? Gente que não tem o que comer, depende de benefícios sociais humilhantes, não tem acesso à saúde nem à educação. Sem uma estrada decente, vivem isolados, abandonados. Se essa empatia extrema com a fauna marinha fosse estendida aos seres humanos, talvez não tivéssemos tanta fome, desnutrição, abusos de crianças, tráfico humano e miséria.
É por isso que afirmo: não é o mar que está doente. É o homem. Quando alguém dedica a vida inteira a ouvir golfinhos e ignora o grito de uma criança faminta, algo está fora do lugar.
Em outro artigo publicado na revista Superinteressante, intitulado “Exploração de petróleo na Foz do Amazonas é bomba para biodiversidade”, uma das vozes mais destacadas é Julia Paletta. Veja o que consta em seu currículo no Escavador:
Profissional do setor de energia com experiência internacional, mestre em Economia pela Universidade de Xangai, com forte atuação em investimentos chineses, contratos offshore e transição energética.
Com uma carreira voltada para grandes corporações e forte experiência em negociações com a China, fica o questionamento: qual o real interesse dela no desenvolvimento do Brasil? Julia é da indústria de óleo e gás, vive disso, mas resiste à exploração brasileira na Margem Equatorial. Por quê?
A resposta talvez esteja nas relações internacionais e nos interesses geopolíticos maiores. Daí a importância de investigar quem escreve os artigos, quem financia as pesquisas e que tipo de ideologia está por trás das análises apresentadas como “científicas”.
Na matéria da revistapb.com.br, apenas um pescador foi ouvido. Eu conheço dezenas da região que se manifestam a favor da exploração da exploração do Petróleo em grupos de whatsapp. São trabalhadores que enfrentam fiscalizações arbitrárias do IBAMA, e que já têm sua atividade pesqueira dificultada. Os que são contra a exploração, muitas vezes não têm formação ou acesso a informações que lhes permitam refletir com profundidade sobre o assunto. E como bem foi dito pelo próprio pescador entrevistado: muitos são analfabetos e não se veem empregados na Petrobras.
Isso é grave. É um sintoma da ausência de cidadania. E justamente por isso a exploração pode representar uma transformação. Mesmo que esse pescador nunca trabalhe na Petrobras diretamente, seus filhos poderão fazê-lo se tiverem acesso à educação trazida pelo desenvolvimento econômico da região.
É no mínimo desonesto afirmar que as pessoas perderão seu sustento com a exploração. Elas mal o têm. E a Petrobras, além de investir em projetos sociais, gera empregos diretos e indiretos, inclusive para pessoas sem escolaridade, em serviços auxiliares. A energia elétrica — caríssima no Amapá — poderia chegar com mais qualidade e menor custo. O que se vê é uma romantização da pobreza e uma demonização da prosperidade.
Navios já circulam na região há décadas, gerando ruídos e, vez ou outra, podem ter vazando óleo. Nada disso nunca gerou comoção. O poço que será perfurado está a 500 km da Foz. Nãoé na foz do Amazônas como adoram reverberar. E a exploração será a quase 3 km de profundidade. A insistência nesse termo levando os leitores a acreditarem que a exploração será na foz, é, sim, uma fake news com intenção de confundir a opinião pública.
Então, por que essa preocupação seletiva? Por que as ONGs estrangeiras se mobilizam só no Brasil? Por que tentam interferir justamente nas decisões que envolvem soberania e segurança energética?
Enquanto isso, a Petrobras amarga prejuízos bilionários com a demora no licenciamento ambiental. Vejamos os impactos concretos:
Prejuízos financeiros diretos:
- Equipamentos e equipes parados geram custos milionários sem retorno.
- Mais de R$ 500 milhões já foram investidos em estudos e logística.
- Cada mês de atraso compromete a produção futura prevista para 2030.
Quantos empregos poderiam ser gerados e quanta arrecadação e retorno em serviços públicos?
Perda estratégica:
- Risco de perder a janela de oportunidade global antes da virada para as fontes renováveis.
- Concorrentes como Shell e ExxonMobil avançam no Suriname e na Guiana.
- Brasil permanece excessivamente dependente do pré-sal.
Que países lucram ao tirarem o Brasil do páreo? Será que essa "ciência" é instrumento da concorrência?
Desgaste político e de imagem:
- Descoordenação interna no governo entre Ibama e Petrobras.
- Insegurança regulatória afugenta investidores e arranha a imagem do país.
A ideologia fica acima dos interesses do Brasil e instala-se a insegurança jurídica com perda de investidores
Estima-se que os prejuízos diretos já ultrapassem meio bilhão de reais, podendo chegar a bilhões, caso a exploração continue travada. O maior prejuízo, no entanto, é humano: vidas que poderiam estar sendo transformadas agora, com mais dignidade e cidadania.
Portanto, diante dessa inversão de prioridades, reafirmo com ainda mais convicção:
Não é o mar que está doente. É o homem.
E parece que ele perdeu a capacidade de se importar com o próximo.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
www.palavrasdeadrianagarcia.com
Colabore e anuncie onde você encontra conteúdo de valor
]
Links de matérias citadas no artigo:
https://revistapb.com.br/meio-ambiente/sons-invisiveis-da-amazonia/