A sentença divina está sendo escrita contra Davi Alcolumbre por sua conivência consciente com a violação de direitos humanos
Prisões arbitrárias, mortes, riscos de morte, violação de TODOS os direitos humanos. A origem desse caos remonta às escolhas políticas feitas pelos menos de 600 mil eleitores do Amapá. Tomo emprestada uma frase bíblica do livro de Daniel, capítulo 5: "Tequel: foste pesado na balança e achado em falta".
A história relata um banquete do rei Belsazar, na Babilônia, quando uma mão misteriosa escreveu na parede uma mensagem divina, interpretada por Daniel: o rei havia sido avaliado por Deus e considerado insuficiente; seu reino estava condenado à divisão e à conquista. Essa sentença transcende o tempo e hoje ecoa sobre o nosso estado.
O Brasil deixou de ser uma democracia, em grande parte, por causa de escolhas feitas aqui, no Amapá. Temos três senadores, e dois deles apoiam a tirania de Alexandre de Moraes. Um deles é ninguém menos que o presidente do Senado, presidente do Congresso Nacional, o único que poderia pautar o impeachment de Moraes. Por duas vezes, Davi Alcolumbre preferiu assinar a própria sentença, ao se recusar a enfrentar o ministro que hoje mantém o país inteiro refém de seus atos autoritários.
Não se trata de um simples erro, mas de uma decisão consciente: escolher o lado errado da história. Não o lado do povo, da liberdade, da Constituição e da verdadeira democracia. Eduardo Bolsonaro já sinalizou diversas vezes para que Alcolumbre e Hugo Motta mudassem de postura, aproveitassem a oportunidade de salvar o país e aliviar o peso de suas consciências. Mas eles insistem em validar quem viola direitos humanos, tornando-se tão culpados quanto o próprio violador.
Com a prisão domiciliar absurda imposta a Bolsonaro e a possibilidade de paralisação do país, a mesma mão invisível que escreveu na parede do rei Belsazar parece escrever novamente, desta vez endereçando a mensagem àqueles que poderiam ter evitado tudo isso e não o fizeram.
Enquanto Davi prolonga a ditadura de Moraes, Randolfe comemora a prisão de um inocente. O Amapá hoje tem dois representantes alinhados a um governo autoritário e corrupto. O próprio governador do estado, Clécio Luís, é aliado direto de Lula. E Waldez Goes, que foi governador por quatro mandatos, hoje é até Ministro de Estado. Por causa dessa conivência política, o Amapá foi achado em falta e tem a obrigação de ser o primeiro a romper com o sistema que está destruindo nossa nação.
Até quando pagaremos o preço amargo de aplaudir políticos que nos envergonham?
No último domingo, uma manifestação tímida em Macapá contra Lucas Barreto – o único senador do estado que teve coragem de assinar o pedido de impeachment de Moraes – mostrou que a maioria da população local é a favor da liberdade. Resta esperar que essa voz se traduza nas urnas em 2026. Mas, no momento, a luta é por algo básico: que haja eleições e que sejam limpas.
Em um ato de vingança contra a deputada federal Silvia Waiãpi, que ousou enfrentar o sistema, Davi Alcolumbre, com a caneta do Supremo, usurpou o mandato de sete deputados federais. Depois desse precedente, tudo será possível: o Supremo poderá decidir quem será presidente, governadores, senadores e deputados, sem precisar consultar o povo. A eleição de 2022 já foi uma prévia – uma máscara de democracia. A próxima pode vir sem disfarces.
Por isso, se você ainda se levanta e luta pela sua liberdade, lembre-se: os únicos candidatos que merecem seu voto são aqueles que têm coragem de lutar HOJE pela sua liberdade, sempre, independente de que lado político você está.
Davi Alcolumbre já deveria ter sido extirpado da vida pública. Sua permanência pode custar o futuro do Brasil. O Amapá deve muito ao país por tê-lo eleito duas vezes senador. Mas há uma sentença sendo escrita contra esse judeu que apoia um governo claramente antissemita. É uma sentença invisível aos olhos humanos, mas tão certa quanto a que condenou Belsazar:
"Mene, Mene, Tequel, U-Parsim".
- Mene: Deus contou os dias do seu reinado e determinou o fim.
- Tequel: Foste pesado na balança e achado em falta.
- U-Parsim: Teu reino será dividido e entregue a outros.
Ser, por duas vezes, presidente do senado federal parecia a coroação de Davi como um “grande líder” do Amapá e do Brasil. Mas será, inevitavelmente, o seu fim político.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
www.palavrasdeadrianagarcia.com
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