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 silvio navarro

Silenciamento político e censura ao bolsonarismo na imprensa brasileira.

Demissão de Sílvio Navarro expõe crise na Revista Oeste

Um assunto que tomou conta do debate público foi a demissão de Sílvio Navarro da Revista Oeste. Pelo que foi divulgado, ele foi demitido por mensagem de WhatsApp, às 7h da manhã. No time desde o início do projeto, o jornalista, historiador e comentarista é um dos mais queridos do público, que se revoltou com a atitude do veículo em relação a esse profissional competente e amplamente admirado.

Reação dos assinantes revela ruptura com o público bolsonarista

Se quem manda na Oeste são os assinantes, estes ficaram profundamente desapontados. Muitos deixaram de seguir o canal, outros tantos cancelaram a assinatura da revista. A situação ficou tão complicada que, nesta sexta-feira, 12, o próprio jornalista demitido usou as redes sociais para pedir que não houvesse cancelamentos, argumentando que deixou amigos na redação e que há muitos pais e mães de família que dependem da revista. Mesmo assim, ele não convenceu a maioria, que tomou as dores não apenas pela sua demissão, mas pela forma como ela aconteceu e pelos motivos considerados óbvios.

Quando a opinião política se torna motivo de demissão

Recentemente, Sílvio Navarro havia declarado que a candidatura de Flávio Bolsonaro era acertada e criticou o sistema que se beneficia da tortura política imposta a Jair Bolsonaro.

A direita permitida e a rejeição ao sobrenome Bolsonaro

Tudo leva a crer que a revista passou por uma reformulação em sua linha editorial. Apesar de se posicionar como um veículo de direita, com pautas conservadoras, também aderiu ao discurso da chamada “direita permitida”: é preciso tirar Lula, mas não pode ser Bolsonaro — nem qualquer um de seus filhos — a fazê-lo. São os alérgicos ao sobrenome mais forte da política brasileira atual e, possivelmente, de todos os tempos.

Mercado, patrocínio e controle das narrativas políticas

Há fortes indícios de que a revista tenha se alinhado a esse estilo “novo”, no qual o mercado pesa diretamente na condução das narrativas. Ainda que, à primeira vista, tudo pareça direita, não há como negar que algumas direitas são mais palatáveis, enquanto outras são tratadas como indigestas.

Crescer com bolsonaristas e tentar descartá-los depois

O problema surge quando um órgão de imprensa tenta fazer um jornalismo palatável para uma audiência que considera indigesta, enquanto depende financeiramente exatamente dela. Isso não se sustenta — e foi exatamente essa contradição que se rompeu com a demissão de Sílvio Navarro.
As coisas ficaram muito claras: a Revista Oeste não é bolsonarista. E, se alguém pensou que fosse, estava redondamente enganado. Ela cresceu com a ajuda significativa dos bolsonaristas, mas agora precisa se descolar deles sem perder suas assinaturas e sua audiência. Missão que já se provou impossível.

Por que a imprensa bolsonarista não pode existir no Brasil?

Como jornalista, sei que é natural que um órgão de imprensa tenha sua linha editorial. No Brasil, está muito claro que a maioria segue uma linha de esquerda progressista, alguns poucos se posicionam como direita liberal, e há ainda a imprensa descaradamente lulista. Mas a única que parece não poder existir é a bolsonarista. Fica evidente que não querem apenas extirpar o bolsonarismo da arena política, mas também dos veículos de comunicação.

O povo não foi consultado sobre esse silenciamento

O problema é que não combinaram isso com o povo. E estão descobrindo, a duras penas, que se trata da maioria. Uma maioria composta, em grande parte, por pessoas maduras, produtivas, economicamente ativas, que não estão mais dispostas a investir seu tempo nem seus recursos em projetos que as tratam como extremistas, perigosas, golpistas — e que fazem de tudo para retirar delas sua representatividade.

Pressão do sistema para moderar e domesticar a direita

Com esse episódio, ficou claro que há uma enorme pressão do sistema para converter políticos e comunicadores, no máximo, em centro-direita ou direita moderada, em nome de uma suposta “imparcialidade”, do combate aos extremos e à polarização. Muitos estão aderindo a isso, seja por sobrevivência, seja por fraqueza de caráter.

Falta de espaços para representação bolsonarista

O que resta aos bolsonaristas? Auriverde, algumas iniciativas independentes como Timeline, além de youtubers como Kim Paim. Estamos em busca de quem nos ouça e fale a nossa língua. Em busca de grupos com os quais nos identificamos e onde sejamos respeitados como espectro político — e não tratados como portadores de uma espécie de lepra social, úteis apenas para dar audiência, likes, comentários positivos e patrocínio.

A busca por veículos que respeitem o bolsonarismo

Precisamos de comunicadores que nos informem com propósito claro: nos equipar, nos preparar, nos dar direção e leitura dos acontecimentos a partir daquilo em que acreditamos. É exatamente assim que funciona nos veículos de esquerda e de centro. Por que isso só é considerado errado quando se trata da direita bolsonarista?

Quem realmente se recusa a dialogar?

Nesta semana, ouvi um político de centro-esquerda dizer que se dá bem com um político de direita porque “fulano é uma direita que sabe dialogar, que nos escuta”. Fiquei pensando como eles têm uma capacidade quase instintiva de inverter a realidade. A direita não tem dificuldade de ouvir — tem dificuldade de ser ouvida, de ser respeitada, de ter espaço para se expressar sem ser ridicularizada, demonizada ou silenciada.

Silenciar bolsonaristas virou virtude social

Hoje, virou virtude calar um bolsonarista. É como se essa pessoa estivesse ajudando a melhorar o oxigênio do planeta ao neutralizar um bolsonarista. E assim caminha a sociedade brasileira: pregando tolerância enquanto pratica intolerância contra aqueles que acusa de serem intolerantes.

Tolerância seletiva e censura política disfarçada

Se não tivermos canais e veículos de comunicação que nos respeitem como somos e deem eco ao que pensamos, cremos e planejamos para o país, vamos sucumbir. É por isso que a censura, implícita e até explícita, está acontecendo.

Guerra cultural: quando só a esquerda pode lutar

A esquerda pode ganhar a guerra cultural. A direita bolsonarista, porém, não pode sequer entrar na guerra. Precisa permanecer passiva e, no máximo, se contentar com comentários que afirmam que o nome viável é Tarcísio e que, se não votar nele, Lula vence — e a culpa ainda recai sobre ela.

O cerco à direita que se assume bolsonarista

Foi assim que um grupo jamais se descobriu plenamente como direita e foi sufocado desde que me entendo por gente. E é assim agora, quando se torna proibido ter um veículo cuja linha editorial seja explicitamente bolsonarista. Pode 247, pode UOL, pode Globo, pode Estadão, pode Jovem Pan — e agora pode até a Oeste, desde que adestrada.

Imprensa plural ou imprensa controlada?

Imprensa precisa existir para todos os gostos. Durante décadas, fomos alimentados com mentiras que nos levaram a colaborar com projetos com os quais jamais concordamos. Agora que descobrimos o que queremos para o país, deixem-nos escolher a quem daremos nossa audiência, nosso like, nossa consideração, nossa admiração e nossos recursos.

Não é cancelamento: é autorrespeito político

Não se trata de cancelamento, mas de autorrespeito — tardio, talvez, mas bem-vindo. Ninguém está proibindo a Revista Oeste de existir, assim como ninguém está proibindo Tarcísio de concorrer. Apenas desejamos que tanto a imprensa quanto o candidato da chamada direita permitida tenham os votos, a audiência e o patrocínio do seu próprio público — e que consigam se sustentar e vencer com ele.

Democracia não exclui espectros ideológicos

Nós não fazemos parte nem do eleitorado nem do público deles. Vamos prestigiar quem não tem vergonha de assumir uma linha editorial bolsonarista e quem acredita que bolsonaristas precisam ser representados, tanto na política quanto na comunicação, como qualquer outro espectro político ao longo da história.
Não existe democracia sem respeito a todos os espectros políticos. E quando há alergia a apenas um deles, o nome disso não é democracia.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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