Conexões que prometem abalar o crime contra crianças no norte do Brasil
No dia 20 de maio, Brasília foi palco de um encontro que promete reverberar por muito tempo. Durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, esteve presente o ativista norte-americano Tim Ballard, fundador da Operation Underground Railroad (OUR), uma organização internacional que combate o tráfico humano. Sua trajetória inspirou o filme "Som da Liberdade", dirigido por Alejandro Monteverde e estrelado por Jim Caviezel.
Na mesma audiência, a Deputada Federal Sílvia Waiãpi (PL) trouxe ao debate a realidade da Amazônia brasileira, com ênfase no trabalho desenvolvido pela Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Contra a Criança e Adolescente (DERCCA), sob a liderança da Delegada Clívia Valente, que tem atuado incansavelmente no combate à pedofilia no estado do Amapá.
Em um contexto onde práticas criminosas são, muitas vezes, maquiadas como traços culturais — com crianças sendo abusadas por membros da própria família —, é urgente que as autoridades se levantem. A deputada Sílvia tem dedicado seu mandato à luta contra essa dura realidade que dilacera a Amazônia. As vozes dessas crianças e adolescentes precisam ecoar, e ações concretas precisam ser tomadas.
Durante a audiência, a parlamentar relatou a Tim Ballard a alarmante situação da fronteira do Oiapoque com a Guiana Francesa, rota utilizada para o tráfico humano e exploração sexual infantil. Ela também destacou as dificuldades enfrentadas pelos Conselhos Tutelares, frequentemente sucateados, politizados e sem a mínima estrutura para atuar de forma eficaz.
Tim Ballard já tem conhecimento de que o Amapá tem sido utilizado como rota internacional para o tráfico de crianças, destinadas à exploração sexual ou até à extração de órgãos. Sensibilizado com os relatos e com o trabalho da Delegada Clívia, ele confirmou uma visita ao Amapá, marcada para os dias 21 a 24 de junho deste ano, com o objetivo de fortalecer uma rede mundial de proteção às crianças.
Tim já programou sua volta ao Brasil e o destino agora é o Amapá.
Este encontro foi mais que simbólico: foi estratégico. Tem o potencial de abalar as estruturas do crime organizado na Amazônia, especialmente nas regiões do Marajó e do extremo norte do Amapá. Afinal, quando almas corajosas se unem por uma causa justa e urgente, as mudanças começam a acontecer.
Fica a pergunta que ecoa como um clamor:
Será que ouviremos, enfim, o “Som da Liberdade” na Amazônia?
Se esse som anunciar o fim desse ciclo de dor, abuso e infanticídio, que ele reverbere até os confins da floresta. O Brasil tem, sim, guerreiros — alguns anônimos, outros na linha de frente do Parlamento — que estão dispostos a pagar o preço necessário para garantir que pedófilos e traficantes sejam severamente punidos e que nossas crianças tenham, de fato, um futuro seguro.
Porque, afinal, um país que não é capaz de proteger suas crianças... é capaz de quê?
Adriana garcia
Jornalista na Amazônia
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