Relatório internacional mostra potencial energético e responsabilidade ambiental do Brasil
De 9 a 11 de julho, o 9º Seminário Internacional da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) reuniu lideranças globais no Palácio de Hofburg, em Viena, Áustria, sob o tema “Traçando Caminhos Juntos: O Futuro da Energia Global”. Durante o evento, foi lançado o Relatório Mundial do Petróleo (WOO) 2025, documento de referência que analisa tendências de oferta, demanda e políticas energéticas no mundo.
Brasil em evidência no cenário energético global
A edição de 2025 do WOO dedica um capítulo ao Brasil, destacando o país como uma potência energética em ascensão. O relatório, assinado pelo secretário-geral da OPEP, Haitham Al Ghais, reconhece a representatividade do Brasil na economia global; a diversidade de sua matriz energética e o papel estratégico do país na segurança energética internacional.
A Margem Equatorial é protagonista na segurança energética e na soberania nacional.
Segundo o WOO, o Brasil ocupa a 7ª posição entre as maiores economias do mundo, com PIB de US$ 4,1 trilhões (PPP 2021), população de 212 milhões e uma urbanização de 87%. A indústria do petróleo responde por 17,2% do PIB industrial e sustenta cerca de 1,6 milhão de empregos. O petróleo representa ainda 13% das exportações nacionais — US$ 44,8 bilhões em 2024 — sendo a China (44%) e os EUA (12%) os principais compradores.
Crescimento da demanda energética até 2050
O relatório projeta que a demanda por energia primária no Brasil passará de 6,5 milhões para 9,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia até 2050 — um aumento de 50%. O petróleo continuará como principal fonte da matriz energética brasileira:
Petróleo: Crescimento de 3,4 para 4,8 milhões de barris/dia (+40%)
Gás natural: De 0,6 para 1,2 milhões de barris/dia (+93%);
Biomassa: De 2,2 para 2,8 milhões de barris/dia (+25%);
Hidrelétricas: De 0,8 para 1,3 milhões de barris/dia (+72%);
Solar e eólica: De 0,2 para 1 milhão de barris/dia (+317%).
Quanto mais tecnologia, mais energia. As demandas só aumentam e o petróleo continua sendo a principal fonte energética.
O WOO reforça que o petróleo seguirá como “pedra angular” da matriz energética brasileira, mesmo com ligeira queda percentual de 36% para 31%. O gás natural desponta como o combustível de transição mais estratégico, pela baixa emissão de carbono e flexibilidade de uso.
A força das energias renováveis no Brasil
O Brasil é apontado como líder global em energia limpa, com 49% de sua oferta primária oriunda de fontes renováveis e quase 90% da eletricidade vinda de fontes de baixo carbono.
O país também tem avançado em marcos regulatórios como a Lei dos Combustíveis do Futuro e a Lei nº 15.097/2025, que regulamenta a geração eólica offshore.
O Brasil é destaque entre os maiores produtores de petróleo e com potencial subir no Ranking com a exploração da Margem Equatorial
Essas políticas reforçam a posição do Brasil como um dos protagonistas da transição energética mundial, sem abrir mão da importância econômica do petróleo.
Margem Equatorial: pilar estratégico da produção futura
Um dos destaques do relatório é o papel que a Margem Equatorial brasileira deverá exercer na produção futura de petróleo. Estima-se que, a partir de 2029, a região possa adicionar 1,1 milhão de barris/dia à oferta nacional, garantindo a reposição das reservas e a sustentabilidade da produção a longo prazo.
A Petrobras planeja investir US$ 3 bilhões entre 2025 e 2029 para perfurar 15 novos poços. Dos 42 poços exploratórios previstos até 2027, 16 terão foco exclusivo na Margem Equatorial.
Relevância geopolítica e combate à desigualdade
A exploração na Margem Equatorial — que abrange as bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar — pode ter impacto transformador, pois vai estimular infraestrutura em regiões remotas, vai gerar empregos no Norte e Nordeste e reduzirá desigualdades regionais.
Em uma região marcada pela pobreza e dependência de programas sociais, o setor de óleo e gás é visto como parte da solução, e não um problema.
Desafios técnicos e ambientais
O relatório da OPEP reconhece que, apesar do enorme potencial, há desafios como a perfuração em águas ultraprofundas, a garantia de segurança ambiental e a necessidade de infraestrutura para escoamento e refino.
O primeiro poço da nova campanha será perfurado a 160 km da costa e 500 km da foz do Rio Amazonas, com lâmina d’água de 2.880 metros.
Brasil: potência energética em ascensão
Segundo a OPEP, o Brasil é hoje o 8º maior exportador de petróleo do mundo (2023); o 9º em capacidade global de refino, com 18 refinarias e um dos países com matriz energética mais limpa e diversificada do planeta.
Com esse cenário, a organização reconhece o país como um dos principais players do setor energético global, tanto no fornecimento quanto no avanço tecnológico e na liderança das discussões sobre sustentabilidade.
Energia sem ideologia
O relatório da OPEP é mais do que uma análise técnica — é um retrato do respeito internacional ao potencial energético do Brasil. A organização projeta um crescimento notável e sustentável.
Mas para isso, é importante que o país tenha políticas estáveis e segurança jurídica, invista em tecnologia e infraestrutura, e, principalmente, aja com pragmatismo, sem contaminação ideológica.
A criminalização do desenvolvimento — sobretudo na área energética — por discursos engessados, é contrária ao interesse nacional. O momento exige maturidade, união e responsabilidade com o futuro do Brasil. A diversidade energética não é um obstáculo, mas a chave da segurança energética e da soberania nacional.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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