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 davi alcolumbre

Quando salvar a própria pele vale mais do que salvar o futuro de uma nação. 

Eu moro no Amapá e sei bem a frequência com que escândalos envolvendo o senador Davi Alcolumbre surgem por aqui – e, misteriosamente, são abafados. Não tenho como precisar o tamanho da dívida dele com a Justiça, mas considerando que foi escolhido pelo sistema para presidir duas vezes a Casa Alta – a única capaz de votar impeachment de ministros –, é razoável supor que seus processos não sejam poucos e tampouco irrelevantes. Só isso explicaria sua escolha a dedo para um cargo tão estratégico.

Sempre me indigna o fato de alguém sem nível superior ocupar a posição mais importante do país, influenciando o futuro de todos nós por suas ações ou omissões. Sua falta de preparo intelectual, somada à representatividade limitada – vindo de um estado pequeno e isolado do restante do Brasil – e seus míseros 131 mil votos em 2014 (e 196.087 em 2022), foram suficientes para catapultá-lo duas vezes à presidência do Senado. Teria ele sido um “garoto prodígio” ou apenas o senador mais comprometido criminalmente, tornando-se refém de chantagistas togados que teriam nele a garantia de jamais serem destituídos?

No seu primeiro mandato, Alcolumbre dizia ter como prioridade o desenvolvimento do Amapá – promessa que nunca se concretizou. A segunda promessa era a conclusão da BR-156, obra inacabada e recentemente citada em um escândalo milionário. Quem aparece como beneficiado? O segundo suplente do senador, Breno Chaves Pinto, dono da L.B Construções, empresa apontada pela Operação Route 156, da Polícia Federal em conjunto com a CGU/AP, como favorecida no esquema.

Curiosamente, a PF é hoje comandada pelo ministro Alexandre de Moraes, que decide quais investigações avançam. Estranho notar que, em 22 de julho, no auge da pressão sobre Alcolumbre para pautar a anistia e o impeachment de Moraes, essa operação ganhou destaque em todos os grandes jornais, até na Globo. Um recado direto do ministro ao seu vassalo.

Os crimes de Alcolumbre, enquanto cidadão, só ele e a Suprema Corte que protege sabem. Mas os crimes contra a Nação, esses o mundo inteiro já conhece – para vergonha do Brasil e do Amapá. Talvez ele descubra tarde demais que poder político não se resume a uma caneta. O encantamento pelo cargo e a ilusão de mérito desviaram-no do verdadeiro propósito: servir ao país.

Um judeu que assiste, inerte, seu presidente ofender seu próprio povo e apoiar terroristas genocidas já morreu moralmente. É alguém prisioneiro das próprias escolhas, tropeçando nas próprias armadilhas. Não precisa de empurrão quem é capaz de arruinar-se sozinho.

Não me estenderei aqui sobre as atrocidades de Moraes. Para nossa vergonha, basta ler as justificativas de Donald Trump para impor tarifaço aos produtos brasileiros e aplicar a Lei Magnitsky contra o ministro brasileiro – lei usada apenas para graves violadores de direitos humanos.

Mas vale lembrar: Moraes interferiu dezenas de vezes em outros poderes, criminalizou a nomeação de um diretor da PF pelo presidente da República, abriu o chamado “inquérito do fim do mundo” contra seus desafetos. Na época, Alcolumbre era presidente do Senado e nada fez, mesmo com um abaixo-assinado com 2 milhões de assinaturas pedindo o impeachment do ministro. Ignorou também pedidos de deputados e senadores contra outros ministros, como Barroso, que atropelou o Congresso ao derrubar o voto auditável, instaurando dúvidas nunca dissipadas sobre as urnas. Ao se omitir, Alcolumbre tornou o povo brasileiro refém de um poder.

Se formos além, chegamos a Fachin, que descondenou Lula sem inocentá-lo, permitindo seu retorno à cena do crime. Tudo isso ocorreu debaixo do nariz do mais covarde presidente do Senado: Davi Alcolumbre.

Os crimes dele contra a Nação são claros:

Permitiu eleições suspeitas em 2022, trazendo de volta um condenado que montou uma quadrilha no poder, gerando escândalos sem fim, sustentados por Moraes, pela omissão do Congresso e pela imprensa estatal;

Assistiu à prisão de milhares de inocentes por um “golpe” inventado por Moraes, de onde resultou até a morte do Clezão;

Carregou nas mãos o sangue de brasileiros, a falência de empresas e o avanço de um governo ilegítimo aliado a ditaduras, destruindo a economia e a liberdade.

No auge da chance de se redimir, quando voltou à presidência do Senado, preferiu reforçar sua cumplicidade com a ditadura judicial e os crimes contra a humanidade cometidos por Moraes. Ignora a anistia mesmo diante do tarifaço, mesmo sabendo que o país está prestes a quebrar, mantendo fidelidade ao algoz e virando as costas para os presos políticos.

O sangue inocente de uma nação está nas mãos de Alcolumbre. Aceitou calado a interferência no IOF, aceitou a usurpação dos poderes, aceitou a ditadura judicial. Sua sentença de covarde, omisso e cúmplice de um juiz lunático, frio, assassino de toga, é definitiva. Cada noite dormida será um martírio.

Não apenas empurrou o Brasil para uma ditadura: faz o povo viver o vexame de ver outros países tentando impor limites ao juiz que ele insiste em proteger. Alcolumbre é cúmplice da tortura de mulheres que poderiam ser sua esposa, de idosas que poderiam ser sua mãe, de crianças separadas de seus pais que poderiam ser seus filhos. Alexandre torturador não existiria sem Davi covarde. A história lembrará seu nome como o do homem que deu aval ao maior violador de direitos humanos do Brasil e do mundo em nosso tempo.

Concluo com um conselho de quem acredita que a colheita é eterna: Alcolumbre, não importa o que você tenha feito de tão grave que lhe prende ao STF, faça o mínimo que um homem com amor ao país e aos próprios filhos faria: retire da Suprema Corte aquele que hoje é o monstro de toga que oprime o Brasil e nos envergonha perante o mundo. O seu maior fracasso será tentar salvar a própria pele ao custo de sacrificar uma nação inteira.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

www.palavrasdeadrianagarcia.com

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