Sou jornalista formada na Universidade Federal do Maranhão, desde 2001 e aprendi que o jornalista, especialmente, televisivo, precisa ser discreto, inclusive na vestimenta, nos acessórios, pois quem tem que brilhar é a notícia. A grande estrela é a informação e não quem está falando. Sabemos o que Brasil não vive a normalidade de uma democracia de fato. Temos o direito a ela, através da nossa carta magna, mas seus princípios e leis já não regem as ações judiciais e nem a prática das relações humanas.  Estamos à deriva e ao bel prazer de uma cabeça de juíz, que tem leis próprias para colocar e manter no poder quem lhe convém. Mas essa empreitada que é o verdadeiro golpe na nação, não teria êxito, sem a ajuda da grande imprensa e porque não dizer, da imprensa oficial  que representa a ditadura e que se chama Rede Globo de Televisão. 

A imprensa é tão importante na vida de um povo, que ela é peça fundamental para a manutenção, tanto de uma democracia,quanto de uma ditadura. Ela é o fiel na balança, ela dá os rumos. Quando ela realmente informa dentro da verdade e das leis estabelecidas, ela dá ao povo o conhecimento necessário para agir e escrever o seu destino. Quando ela mente com naturalidade, omite com cara de pau, e até é a favor da censura, contanto que não a atinja, ela entrega o povo nas mãos de ditadores. 

O ano que finda foi muito pobre em jornalismo. Aliás, a última década foi um verdadeiro vexame. Porém, quero destacar duas personagens desse descrédito que assolou a minha profissão. A Mirian Leitão, que quando eu era estudante, seus textos de economia faziam parte das nossas análises, e a Daniela Lima, que faz parte dessa nova safra de profissionais militantes e não informantes.  Jornalistas de gerações distintas cuja intercessão entre elas é o fato de se tornarem notícia ao invés de serem transmissoras de notícia e esse é um péssimo sinal. Quando o jornalismo deixa de informar, ele mesmo se torna alvo de discussões, ele mesmo se torna notícia, e das piores.

Eu não preciso ir longe. Estamos prestes a ouvir a Mirian Leitão dizer que "pobre não come comida, então não tem problema, está tudo bem". Já que ela esgotou sua lista de coisas que o pobre não come para justificar o injustificável  na economia atual conduzida por um desgoverno declarado vencedor por um juiz e cuja comemoração foi feita na redação dessa emissora, sem nenhum pudor. Por muito dinheiro publico, vale a pena ser ridícula toda vez que abre a boca.

A Daniela Lima só faltou ser capa de jornal com a fake news do computador da ABIN. Ela é debochada, faz da sua apresentação um palco de circo, recebendo e lendo mensagens pelo whatsapp de ministros da suprema corte, que giram entre piada de mal gosto até desdém com o sofrimento alheio. 

Se só existesse a globo, eu diria que esse foi o ano da morte da informação, da falência da notícia, e do protagonismo macabro dos apresentadores dela.  Meu desejo como jornalista é que os jornalistas no Brasil voltem ao seu lugar de figurantes na cena e deixem a informação brilhar. Que busquem a verdade ou o mais próximo dela e deixem o telespectador julgar. Que o fato ressuscite e tenha a relevância que lhe é peculiar no jornalismo e que os comunicadores entendam seu papel de construir a nação e não de se darem bem enquanto ela vai à falência. A restauração da dignidade e liberdade do Brasil depende, em grande parte, da coragem dos bons comunicadores. Assim como sua destruição e atual ditadura, dependeram da covardia e da ganância dos maus jornalistas. 

Adriana Garcia 

Jornalista na Amazônia

Jornalismo como deve ser.

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