Admirada pelo Brasil, Sílvia luta pelo desenvolvimento do povo da Amazônia. Crédito da imagem: André Violatti.
Esta semana, foi divulgado o resultado do Ranking dos Políticos, e a deputada federal Sílvia Waiãpi — eleita com a menor quantidade de votos pelo Amapá — figura entre os melhores parlamentares do Brasil. Ela foi avaliada como a melhor parlamentar, tanto entre os deputados federais quanto entre os parlamentares do Estado, superando até mesmo os três senadores da República.
A Dep. Sílvia (PL), está em 1º lugar entre os parlamentares do Amapá, inclusive acima dos três senadores
O Ranking dos Políticos é uma iniciativa da sociedade civil que avalia o desempenho de deputados e senadores com base em critérios como combate a privilégios, desperdícios e corrupção. O objetivo da instituição é promover a eficiência do Estado brasileiro, incentivar a transparência na gestão pública e defender políticas que favoreçam a liberdade econômica, a desburocratização e a isonomia entre os agentes econômicos, como se espera de um verdadeiro Estado de Direito.
Destaca-se entre os deputados do PL/AP, com ampla margem de distância
De acordo com o site do Ranking, não há favorecimento político ou pessoal. A avaliação é feita com base em critérios objetivos, assegurando equidade e imparcialidade. O projeto, criado em 2011, é financiado por pessoas comuns, o que garante sua independência e transparência.
Quem é Sílvia Waiãpi?
Eleita em 2022 com apenas 5.435 votos, Sílvia Waiãpi rapidamente ganhou destaque como uma das parlamentares mais atuantes do Congresso Nacional. Nascida no Amapá, ela viveu boa parte da vida no Rio de Janeiro, para onde se mudou aos 14 anos, já sendo mãe de sua primeira filha. Enfrentou uma trajetória dura: foi moradora de rua e vendedora de livros de porta em porta, até se tornar fisioterapeuta, militar, e realizar o sonho de infância de hastear a bandeira do Brasil como oficial das Forças Armadas.
Waiãpi pontua entre os deputados mais bem avaliados do Brasil. Crédito da imagem: André Violatti.
Detentora de mestrado e de um currículo Lattes de alto nível, difícil de ser superado por outros parlamentares, Sílvia se tornou uma voz firme em defesa das mulheres e crianças do Norte, vítimas de estupros muitas vezes naturalizados culturalmente. Enfrenta o tráfico de drogas na região com coragem e firmeza, trazendo à tona problemas históricos ignorados por décadas.
Defensora do Marco Temporal, chegou a receber ameaças de morte por sua posição. Com discursos inteligentes, diretos e coerentes, é reconhecida como uma voz forte da Amazônia, denunciando a influência excessiva de ONGs internacionais e alertando para a ameaça constante à soberania nacional.
Uma parlamentar que incomoda o sistema
Sílvia ganhou notoriedade nacional, inclusive dentro do próprio Amapá, após sua atuação destacada na CPI das ONGs e seus embates com a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Defende com vigor o agronegócio na Amazônia e a exploração de petróleo na Margem Equatorial, com foco no desenvolvimento econômico da região Norte, especialmente para mulheres e crianças, as maiores vítimas da ausência do Estado.
A deputada direciona grande parte de suas emendas parlamentares ao fortalecimento da segurança, educação, ciência e tecnologia, e qualificação profissional do povo amapaense — áreas que lhe faltaram na infância e a forçaram a buscar oportunidades longe de casa.
Sílvia transformou sua dor em luta. De personalidade forte e trajetória marcada por superações, ela se destaca por não seguir a cartilha da política tradicional do Amapá. Já afirmou publicamente que não faz acordos políticos e que a liberdade de legislar de acordo com sua consciência é inegociável.
Por que Sílvia Waiãpi é "a" deputada federal do Brasil?
Na minha opinião, Sílvia Waiãpi representa o que o Brasil precisa ver mais na política: comprometimento real com a população e independência política. Sua liderança é reconhecida nacionalmente. Como termômetro, basta olhar seu Instagram, com mais de 329 mil seguidores, a maioria de outros estados que se identificam com sua postura.
Também é uma liderança no PL Mulher, sempre ao lado da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro. Crédito da imagem: André Violatti.
Sua entrada na política foi abrupta e nada convencional. Um dia, era fisioterapeuta militar; no outro, participava da transição do governo Bolsonaro. Quando se revelou indígena e do Amapá, muitos nem sabiam quem ela era, devido aos anos que viveu fora do estado.
Em 2022, especulava-se que concorreria ao Senado, mas acabou candidata à Câmara Federal. Foi eleita com pouquíssimos votos — um verdadeiro milagre político — e surpreendeu ao mostrar competência, coragem e compromisso. Seu estilo direto, sem amarras, causou choque em parte do eleitorado local, acostumado com conchavos e promessas não cumpridas. Muitos que não votaram nela em 2022 hoje declaram apoio publicamente, dizendo frases como:
“Para ela, eu faço campanha de graça.”
Seu mandato é necessário. E, mais do que necessário para ela, é vital para o Amapá, a Amazônia, a economia e a soberania do Brasil. Espero sinceramente que o povo do Amapá amadureça politicamente e compreenda que, se deseja representantes diferentes, precisa votar com critérios diferentes.
Se fosse candidata por qualquer outro estado, Sílvia Waiãpi teria votos de sobra. É comum ver nas redes sociais comentários como:
“Queria uma Silvia aqui no meu estado para me representar.”
Mas ela não está atrás de facilidade. Sua luta é pelo Norte do Brasil, por sua origem e por quem, como ela, teve que batalhar sozinha por oportunidades. Não age pensando na próxima eleição — e talvez seja justamente por isso que merece ser reeleita.
Resta saber se o Amapá honrará a deputada que, além de melhor avaliada, já é honrada pelo Brasil.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
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