patria amada

Quem trabalha é punido. Quem viola a lei é premiado. O povo foi desarmado e o crime está nos palácios e nos tribunais.

Diante de tantos relatos, especialmente vindos da região amazônica, cada vez mais tenho a impressão de que essa parte do Brasil não pertence mais aos brasileiros. Os desmandos promovidos pelo STF, amplamente divulgados nas redes sociais, parecem ser apenas um dos braços de um Estado que, em vez de proteger, corrói a nação.

Aqui no Norte, o outro braço atende pelos nomes de IBAMA e ICMBio. Esses órgãos aterrorizam agricultores, pecuaristas, pescadores e até simples moradores. Quando não estão expulsando homens de suas terras sob a justificativa de que ali só devem viver os animais, estão confiscando animais de seus donos com o argumento de que ali não podem ser criados.

O mais grave é que esse terrorismo não começou hoje. O que mudou foi a velocidade e a intensidade com que ocorre. Os absurdos tomaram proporções inéditas, e aqueles que trabalham e produzem são tratados, julgados e condenados como se fossem criminosos.

Se em Brasília temos uma Suprema Corte que silencia e prende parlamentares no exercício legítimo de seus mandatos, temos aqui na Amazônia fiscais do Estado que punem homens e mulheres no exercício honesto da produção. São pessoas que não sabem e não querem fazer outra coisa a não ser cultivar a terra, criar gado, pescar, trabalhar. Muitos herdaram esse ofício de pais, avós e bisavós. Impedi-los de produzir é como impedir um pássaro de voar. É apagar sua história, é matá-los em vida, é destruir o sonho de quem acreditou que podia usar o próprio chão para construir um futuro digno.

A partir do momento em que o cidadão teme o Estado – e não o contrário – já não se pode mais chamar esse regime de democracia.

Tenho lido e ouvido relatos reais, de pessoas anônimas, em grupos de WhatsApp e nas redes sociais. São gritos, pedidos de socorro que doem na alma. E quem os escuta sente-se impotente diante dessa engrenagem que só esmaga.

Dizem que o Brasil é um país pacífico, sem histórico de guerras. Mas a verdade é que vivemos uma guerra interna constante, onde o cidadão comum, que paga impostos e cumpre deveres, enfrenta o próprio Estado, que o oprime, o sobrecarrega e o destrói. Esse mesmo Estado que protege criminosos, assaltantes e traficantes, mata lentamente quem trabalha de forma honesta – roubando dos aposentados, quebrando empresas, aumentando impostos, tirando terras, confiscando gado e colheitas, prendendo inocentes e enriquecendo com os despojos dessa guerra silenciosa e sem tréguas.

Nossa batalha é contra a incompetência, o descaso, a desumanidade e a ilegalidade. Hoje, professores não podem mais ensinar; advogados não podem mais advogar; agricultores não podem mais plantar; pecuaristas não podem mais criar; famílias não podem mais educar seus filhos – e em breve, os insatisfeitos não poderão nem sequer falar, publicar ou comentar.

Qual é o custo de sermos “da paz”? Será que não está alto demais? Será que nossa omissão e passividade diante dessa guerra cruel e diária não estão nos conduzindo como ovelhas mudas ao matadouro?

Ao olhar para países que enfrentaram guerras devastadoras e catástrofes naturais, vemos nações que se reconstruíram como num passe de mágica. Israel, que nem território tinha, tornou-se forte em todos os sentidos, mesmo depois do Holocausto. Japão e Alemanha, devastados pela guerra, renasceram com trabalho, disciplina e esperança. E o Brasil, sem guerra, continua curvado há mais de 500 anos.

Porque não há guerra mais cruel do que essa que estamos vivendo: silenciosa, normalizada, em que nos rendemos com impressionante naturalidade; em que nos submetemos aos algozes como se fossem nossos salvadores; em que trabalhamos sem ao menos garantir três refeições ao dia.

Talvez, viver sem nunca ter enfrentado uma guerra convencional tenha sido mais prejudicial do que pensamos. Continuamos sem reagir, sem assumir responsabilidades, sem enxergar que estamos todos sendo conduzidos para um colapso moral, social e econômico.

Como resgatar a esperança? Como lembrar da parte boa da nossa história, se ela foi apagada e substituída por um sentimento de frustração e derrota? Quem são os nossos heróis? Quais são nossas referências? Parece que pulverizaram tudo o que poderia nos inspirar.

Ou nos resgatamos de nós mesmos e juntos encaramos a realidade dessa guerra, ou até mesmo a nossa casa nos será tirada.

Tudo foi friamente calculado: o desarmamento da população nos deixou vulneráveis, tanto aos criminosos protegidos por leis permissivas quanto a um Estado tirano. O Brasil ainda é nosso? Ou já pertence à China? À Rússia? À França? À ONU? Aos representantes dos 200 países que virão para a COP?

Só sei de uma coisa: ele só não tem cara, jeito e forma de ainda ser do brasileiro, se é que algum dia o foi. Sem bombas, sem tanques, sem tiros, fomos rendidos como nação pelo Estado de Lula e de Xandão.

Adriana Garcia

Jornalista na Amazônia

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