"Essa é uma discussão geopolítica" disse o Dr Alan Kardec em entrevista.
Em entrevista realizada nesta, segunda-feira, 10 de fevereiro, o Dr. Allan Kardec Duailibe falou sobre o energia e desmistificou a frase "transição energética" que, apesar de estar no debate público, cientificamente falando, ela não existe. O termo faz parte de uma estratégia política e não tem sentido em sim mesmo, sendo impraticável na vida real.
Ao fazer uma analogia simples, Dr Allan Kardec disse que estão nos proibindo de comer feijão e nos obrigando a comer brócolis. Ele explicou que o termo "transição" implica em sair de um estado e entrar em outro, mas no campo da energia, assim como em outras áreas, isso não acontece. Todas as fontes de energia são válidas, úteis para a nossa evolução, e uma não precisa e nem vai anular a outra. O pesquisador esclarece que o Brasil é privilegiado por sua diversidade de fontes de energia e elas podem muito bem conviver juntas. Quem vai escolher qual energia vai utilizar é o povo. O mercado vai, naturalmente, apontar as fontes mais vantajosas para o consumidor, mas todas precisam ser exploradas.
Segundo ele, essa narrativa quanto a ter que abandonar completamente o uso de combustíveis fósseis como fonte energética, nada mais é do que uma agenda europeia que quer continuar tratando o Brasil como uma colônia.
A COP30 em Belém será realizada por pessoas que chegaram até lá completamente dependentes do petróleo, para discutir a proibição do seu uso. "Como essas pessoas se deslocarão até o evento? Elas virão de avião, de carro, de navio. Elas não virão de barco a velas ou nadando", completa.
Para Dr Allan Kardec, essa pauta é elitista, pois não considera a dona de casa que está pagando caro pelo gás e quer que o pobre continue na pobreza enquanto essa elite investe em novas tecnologias que nunca chegarão na população em geral. Até porque, poucos têm condições financeiras de acesso à novas tecnologias e a fontes modernas de energia. Então, na prática, esse debate não faz sentido e essa agenda está muito fora da realidade das pessoas que, muitas vezes, pela necessidade, usam a energia à lenha, pois é a que elas conseguem ter acesso.
Segundo Dr Allan Kardec, sobre a exploração do petróleo na Margem Equatorial, a população não está preparada para ela e precisa entender que serão tempos bem difíceis, mas precisarão ser enfrentados. É necessário que sejam tomadas decisões políticas acertadas para que se cumpra uma agenda muito mais de segurança energética do que de questões ambientais, pois é com ela que podemos ter soberania. O Brasil já é privilegiado e tem todas as condições de ter essa soberania. Precisa abandonar essa agenda Europeia que não tem suficiência energética e vê o Brasil como uma reserva que lhe pertence.
O desafio lançado pelo Dr Allan Kardec é que o Brasil possa lutar pelos seus interesses, pois ninguém fará isso no nosso lugar. A Europa luta pelos seus próprios interesses e ela não tem suficiência energética. Até brasileiros de outras regiões não vão lutar pelos interesses de quem mora aqui. Pessoas que nunca vieram na Amazônia e não conhecem a nossa realidade, não vão lutar por nós. Somos nós que temos que fazer isso. E essa discussão passa pela geopolítica. Nunca foi questão de energia.
Confira a entrevista completa no vídeo abaixo
Dr Allan Kardec é Engenheiro Elétrico, Mestre em Information Engineering ( Toyohashi University of Technology). Doutor em Information Engineering pela Universidade de Nagoya, Pós-doutor pelo RIKEN (The Institute of Physics and Chemistry), Japão. Orientou 29 Teses de Doutorado, 42 Dissertações de Mestrado, dentre outras contribuições na pesquisa e produção científica, em nível nacional e internacional.
Já ocupou o cargo de Pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UFMA, onde é Professor, e já foi Diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Atualmente, é Presidente da Companhia Maranhense de Gás (GASMAR).
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia