A missão de resgate de crianças com Silvia Waiãpi e Tim Ballard juntos, a partir da Amazônia brasileira
Enquanto olham para corais que nem existem, ignoram crianças
A comoção ambiental é válida, mas não pode ser seletiva. Na Amazônia, há vidas em risco. São crianças. De verdade. Gritando no meio da floresta. Violadas, vendidas, mortas.
O grito de Estefânia, uma menina de 7 anos, vítima de violência extrema e descartada no interior do Amapá, foi um desses que quase ninguém ouviu. Quase.
Uma parlamentar que escutou — porque já gritou um dia
A deputada federal Silvia Waiãpi, ex-militar, indígena, mãe e avó, fez de seu mandato um eco para os que nunca foram ouvidos. Ela própria, ainda adolescente, gritou — e não foi escutada. No Rio de Janeiro, buscou futuro, enfrentou um estupro, mas aprendeu a correr e correndo, encontrou caminhos para nunca desistir. Hoje, no Congresso Nacional, é a voz de meninas como Estefânia.
Sua atuação não é pontual. É permanente. E incômoda. Porque expõe o que muitos fingem não ver: o tráfico humano e o abuso sexual infantil são reais, brutais e estão crescendo.
Ex-policial que inspirou o filme "Som da liberdade" esteve em Macapá e visitou a fronteira.
A audiência pública que mudou tudo
Em maio de 2025, uma audiência pública que parecia apenas mais uma se transformou em um marco. Estava presente Tim Ballard, ex-agente da CIA e fundador da Operation Underground Railroad — inspiração para o filme Som da Liberdade.
Silvia relatou a ele o cenário da Amazônia: crianças sendo trocadas por comida, entregues a abusadores ou traficantes.
Tim ouviu. E decidiu: viria ao Brasil. Sem burocracia. Sem publicidade. Por humanidade.
Silêncio da grande mídia, grito dos esquecidos
Em julho, Tim desembarcou em Macapá. Ao lado de Silvia, realizou palestras impactantes no Tribunal de Justiça e na OAB/AP. As falas foram fortes, técnicas e emocionantes. A imprensa nacional ignorou. Mas mães com filhos desaparecidos, não. Elas se encheram de esperança como foi o caso da Marize, mãe do Edson Davi, que desapareceu numa praia em janeiro de 2024, no Rio de Janeiro.
No silêncio da imprensa, sem direito a manchetes nos grandes jornais, uma força internacional desembarcava na Amazônia para iniciar uma missão real de resgate infantil. E quase ninguém ficou sabendo.
Mais que discursos: ações concretas
Silvia Waiãpi não atua apenas com palavras. Ela é autora da lei que dobra a pena para abusadores de crianças, aprovada por unanimidade. Destinou R$ 48 milhões em emendas parlamentares para a segurança pública no Amapá, sendo R$ 10 milhões só para a Polícia Civil. Acompanha de perto o trabalho da delegada Clívia Valente, referência no combate a crimes contra crianças no Amapá.
Silvia integra a minoria no Congresso que age — e, por isso, sofre retaliações. Mas segue firme.
Os desafios são enormes, mas a coragem não falta a esses dois seres de luz que decidiram salvar crianças
O tráfico humano cresce. E está mais perto do que você pensa
O tráfico de pessoas e de órgãos já ultrapassa o tráfico de drogas em crescimento mundial. Crianças são os alvos preferenciais.
Segundo Tim Ballard, um órgão infantil pode ser vendido por até 250 mil dólares.
E isso acontece também aqui, no Brasil. Silenciar quem denuncia é permitir que continue.
“Precisamos de mais Silvias” — disse Tim Ballard
A parceria entre Silvia Waiãpi e Tim Ballard começou com uma conversa e já ganhou forma: ações, mobilizações e articulações para o resgate de crianças brasileiras.
Mas, enquanto tudo isso acontece, o barulho real permanece abafado.
Tim declarou: “Precisamos de mais Silvias”.
E ele tem razão. Sílvia transformou sua dor em missão.
Tim Ballard fala em suas redes sociais sobre a Dep. amapaense: "Mulher congressista, Silvia Waiapi é uma mulher indígena nativa que luta pelas crianças indígenas no Congresso Brasileiro. Na capital, Macapá, ela explicou como muitas crianças brasileiras são retiradas em grandes barcos e navios no Rio Amazonas".
Missão Amazônia: apenas o começo
Silvia retornou ao Amapá após 35 anos. Chegou chorando, sem entender tudo, mas sentindo que havia uma missão.
Venceu a eleição por um milagre, segundo suas palavras. E desde então enfrenta tentativas de silenciamento — até de cassação do mandato.
Mas ela permanece.
Porque há muitas Estefânias sem voz.
E o grito de uma, mesmo tardio, pode salvar muitas.
Ainda dá tempo de ouvir
A missão de Silvia e Tim está apenas começando.
Mas ela precisa de visibilidade.
E de nós.
Seja alguém que escuta.
Seja alguém que compartilha.
Seja humano num tempo em que a humanidade parece esquecida.
Essa luta é de toda a sociedade e a informação quanto à prevenção e denúncia deve ser constante. O apoio a quem arrisca a vida para resgatar crianças deve ser incondicional, a partidário.
Um país que não consegue sequer proteger suas crianças fracassou. Faça da sua profissão um instrumento de salvação. Tim era apenas um policial que teve a mesma indignação que Jesus tem sobre o abuso de crianças e viu que a omissão seria tão cruel quanto o crime. Ele agiu, não parou e tem visto milagres acontecerem. "Eu não sei onde essas crianças estão, mas Deus sabe e Ele tem nos orientado," disse Tim Ballard.
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Este artigo tem finalidade informativa e de conscientização social. Denunciar crimes de abuso sexual, tráfico humano e violações contra crianças é dever de todos. Se você tiver informações, procure imediatamente a polícia ou o Disque 100.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
www.palavrasdeadrianagarcia.com
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